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ONG diz que polícias do Rio e de SP matam mais do que toda polícia dos EUA

A Polícia do Rio de Janeiro é uma das que mais mata no mundo. A constatação é da ONG Human Rigths Watchs, que se dedica, internacionalmente, à defesa dos direitos humanos. O relatório denominado “Força Letal: Violência Policial e Segurança Pública no Rio de Janeiro e em São Paulo” tem como base uma pesquisa de dois anos.
Segundo o relatório, em 2008 a polícia do Rio prendeu 23 pessoas para cada morte em autos de resistência. Em São Paulo, foram 348 prisões para cada morte. Nos Estados Unidos, essa média é de 37 mil prisões para cada caso de resistência seguida de morte.
Ainda em 2008, a polícia do Rio matou 1.137 pessoas; a de São Paulo, 397; enquanto a polícia americana matou, em um ano, 371 pessoas.
O relatório afirma que grande parte dos mais de 11 mil casos de resistência seguida de morte registrados no Rio e em São Paulo, desde 2003, tem grande chance de ter sido, na verdade, execuções extrajudiciais. Os casos de resistência seguida de morte (ou autos de resistência) se referem a mortes cometidas por policiais em confrontos em que supostos suspeitos de crimes resistem à prisão.
Os números de dois estados são comparados aos números de dois países inteiros. O documento comparar o índice de letalidade desses confrontos no Rio e em São Paulo, além de África do Sul e Estados Unidos. O autor do estudo, o pesquisador Fernando Delgado, explicou que a escolha dos dois países para comparação foi feita porque ambos possuem um nível alto de violência.
Ele afirmou que o relatório foi entregue ao governador do Rio, Sérgio Cabral, na segunda-feira (7), que prometeu fazer uma análise crítica. Nesta quarta (9), Delgado contou que os organizadores do estudo irão se encontrar com o Procurador de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
O governador do Rio disse que não vai se manifestar sobre o relatório, e encarregou à Secretaria de Segurança de falar sobre o assunto. A secretaria informou que não recebeu o documento, mas disse que vai ter acesso aos dados ainda esta terça (8).
No relatório, a organização afirma que os policiais responsáveis por homicídios ilegais raramente são levados à justiça. Para Fernando Delgado, autor dos estudos, o problema do Rio e de São Paulo é que a responsabilidade da investigação dos casos de abuso policial fica a cargo da própria polícia, e não da justiça.
“Uma constatação fundamental nossa é que o fato de a polícia investigar a própria polícia é problemático, é um conflito de interesse, o que é uma receita para continuação desse abuso. Seria necessária uma investigação isenta, do Ministério Público, que tem o dever de exercer o controle externo policial”, afirmou.
Segundo Delgado, além dos muitos casos de resistência seguida de morte, há centenas de outros homicídios atribuídos a policiais fora de serviço, como parte de milícias no Rio e grupos de extermínio em São Paulo.
Os números divulgados são de autos de resistências, porém o pesquisador afirmou que eles não podem ser justificados como índices decorrentes de legitima defesa. “Vários desses registros não são confrontos. Alguns são supostos tiroteios, outros não aconteceram e outros a pessoa é morta após ser rendida.
Uma parcela grande são execuções. O Rio tem o problema das milícias.Na Baixada, por exem0plo, um chefe de milícia é acusado de mais de 100 homicídios”, disse ele.

Fonte: O Globo

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