Onda de demissões alcança nível global
Trabalhadores de todo o mundo, e particularmente da Europa e Estados Unidos, enfrentaram ontem uma nova onda de demissões que atingiu diversos setores. Segundo o jornal “Financial Times”, no mundo o número de demitidos seria superior a 70 mil.
Nos EUA, inúmeras companhias afirmaram na manhã de ontem que fechariam um total de 45 mil postos de trabalho em uma tentativa para reduzir custos e sobreviver em meio à recessão que tem afetado a demanda, lucros e prognósticos de crescimento das empresas. Os cortes anunciados ontem incluem 20 mil empregos na Caterpillar, fabricante de equipamentos pesados; 8 mil na Sprint Nextel, operadora móvel; 7 mil na Home Depot e 8 mil após a fusão entre as indústrias farmacêuticas Pfizer e Wyeth.
A General Motors anunciou que reduzirá os turnos de trabalho em suas fábricas em Michigan e Ohio, onde a crise teve efeitos mais graves, eliminando cerca de 2 mil empregos. Demissões em menor escala também foram anunciadas, como a John Deere que fechará 700 postos de trabalho, a maior parte no Brasil.
Diversas companhias européias também informaram cortes nas suas folhas de pagamento. O grupo ING, que opera no setor bancário e de seguros, afirmou que cortará 7 mil empregos; a fabricante de eletrônicos Philips demitirá 6 mil e a siderúrgica Corus fechará 3,5 mil postos mundialmente.
Entre os países europeus mais atingidos está a Espanha, com um índice de 13,4% de desemprego, seguida por Eslováquia (9,1%), Letônia (9%), Hungria (8,3%), Estônia (8,3%) e França e Irlanda (7,9%).
O presidente Barack Obama mencionou os anúncios de demissões na manhã de ontem quando pediu urgência ao congresso norte-americano para aprovar o pacote de estímulo econômico de US$ 825 bilhões, que prevê cortes de impostos, benefícios emergenciais e projetos para gastos públicos.
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JOHN DEERE FECHARÁ 700 postos de trabalho no Brasil
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“Estes não são apenas números em um pedaço de papel”, defendeu Obama. “Assim como aconteceu com a perda de milhões de empregos em 2008, estes são homens e mulheres trabalhadores, cujas famílias foram seriamente prejudicadas e cujos sonhos tiveram que ser deixados de lado. Nós temos a obrigação perante estas pessoas e todos os cidadãos norte-americanos de agir com urgência e em defesa de um propósito comum. Nós não podemos nos dar ao luxo de distrações e adiamentos.”Os anúncios de ontem foram os mais recentes de uma série amarga de demissões que afetaram desde Wall Street até operadoras de telefonia móvel, companhias de informática e rede varejistas. Na semana passada, a Microsoft anunciou o corte de 5 mil funcionários nos próximos 18 meses e a fabricante de motocicletas Harley-Davidson informou que estava eliminando mil empregos. Montadoras no Japão, Coréia do Sul e UE também demitiram nos últimos meses.
“A magnitude destas demissões indica que a crise no mercado de trabalho parece estar acelerando”, afirmou Harry Holzer, economista da Georgetown University e do Urban Institute.
A economia americana cortou cerca de 2,59 milhões de empregos desde que a recessão começou em dezembro de 2007 e o desemprego subiu para 7,2% no mês passado. Os economistas estão preocupados que a economia possa estar perdendo 600 mil empregos por mês e disseram que os anúncios de demissão feitos ontem serviram para enfatizar o estado acometido do mercado de trabalho. Na semana passada, o governo informou que os pedidos de seguro desemprego pela primeira vez haviam subido para 589 mil na semana que terminou em 17 de janeiro, empatando com o recorde de dezembro.
“Isso é algo importante”, disse Dean Baker, diretor do centro para Pesquisa Econômica e de Política (Center for Economic and Policy Research). “Estamos perdendo nossos empregos em uma velocidade incrivelmente rápida, e mesmo assim, estamos preocupados que estejam acelerando. Estamos vendo uma taxa muito mais rápida de anúncios de desemprego”.
A Caterpillar, que foi prejudicada pelos pedidos de maquinário para construção e mineração em queda, disse na manhã de segunda-feira que iria cortar 20 mil trabalhadores por meio de demissões e compras do controle acionário de outras empresas (buyouts). Ela disse que faria “cortes bruscos” nas horas extras e eliminaria muitos empregos temporários e efetivos. A companhia disse que 2009 será um dos anos mais fracos desde a II Guerra Mundial. “São tempos incertos”, disse o principal executivo, James W. Owens, em um comunicado.
Fonte: Gazeta Mercantil