O que muda para o investidor com o ‘open insurance’?
A essa altura do calendário do mês de fevereiro, os investidores já sabem que o open finance completou seu primeiro ano.
O ecossistema de inovação, organizado pelo Banco Central em consonância com as instituições financeiras bancárias e não bancárias, trouxe novidades que ainda estão em implantação.
Para o grande público, as mudanças podem ser identificadas por alguns marcadores: open banking (saiba mais) e, mais recentemente, o open insurance, ou sistema aberto de seguros, que foi adicionado às discussões.
O que os investidores têm a ganhar com as transformações envolvendo os produtos das seguradoras (seguros, previdência e capitalização) é o foco da vez.
As diferentes nomenclaturas – outras ainda deverão ser acrescidas, como health – trazem funcionalidades e discussões próprias, mas todas estão interligadas pelo open finance e visam padronizar em uma só plataforma a troca de informações, melhorar os serviços financeiros, e a relação dos clientes com as empresas que oferecem os produtos.
Desde 15 de dezembro de 2021, 68 seguradoras, as maiores do mercado, estão fazendo o compartilhamento de dados públicos referentes a produtos e canais de atendimentos; e dividindo as informações públicas de seguros residencial, auto, pessoas, previdência e capitalização.
Tudo sob a regulação e acompanhamento da Superintendência de Seguros Privados (Susep). ‘Com o amadurecimento dos processos e das soluções de tecnologia previstas pelo open insurance, os clientes perceberão um ambiente promissor para as suas escolhas de investimentos e no consumo de serviços que serão disponibilizados ao longo do tempo’, avalia José Paulo Vasconcellos, diretor de Planejamento, Projetos e Processos da MAG Seguros.
Na teoria, as escolhas vão se basear na mesma premissa que já foi apresentada no open finance: os clientes que desejarem poderão, na segunda fase, compartilhar seus dados para ter acesso facilitado a mais informações e então decidir o futuro de seus investimentos.(como previdência privada) e seguros.
É de olho nesse cenário de maior autonomia dos usuários que as seguradoras miram as análises para oferecer produtos mais personalizados e que estejam mais alinhados aos objetivos pessoais e de ganhos. ”A competitividade fará com que as seguradoras inovem, tragam produtos mais customizados e para diferentes perfis, além de gerar preços mais competitivos.
É uma forma de democratizar o acesso ao seguro, aumentando a oferta de produtos mais personalizados para os clientes’, diz Rachel Ferreira Bonel, superintendente executiva de Dados, Privacidade e Planejamento Comercial da Icatu.
Ainda é cedo para dizer quais produtos serão criados – se é que serão criados, talvez apenas sejam aprimorados. Mas o investidor mais experiente sabe que a customização no mercado da previdência é um processo que já está em curso. O surgimento de diversos fundos previdenciários são um exemplo dessa mudança. A Icatu, por exemplo, oferece 390 fundos, de 138 gestoras.
A XP Seguradora, com pouco mais de três anos e meio de atividades, já conta com 226 produtos de previdência em seu portfólio, entre fundos de ações, multimercados, de renda fixa, entre outros. Desse total, 140 estão disponíveis para o publico em geral investir.
A pergunta que fica, então, é: o que muda para quem investe nessa modalidade? ‘Considerando que o cliente é o detentor dos seus dados pessoais, ele poderá buscar as opções que mais condizem com o seu perfil de investimento. Em um cenário mais competitivo, vamos precisar aprimorar e investir em novos mecanismos e política comercial para trazer e reter ainda mais os clientes em nossa carteira. Isso é bom para o mercado’, pondera Rachel.
‘O open insurance vai gerar uma competição em vários níveis, não só sobre aonde alocar os investimentos, mas aonde alocar a aposentadoria e toda a gama de produtos, que já é muito grande, mas que muitas vezes o cliente não conhece porque não foi apresentado. Esse novo ecossistema vai dar a oportunidade de conhecer esse leque de produtos e, talvez, buscar individualmente as ofertas contextualizadas e inteligentes’, avalia Amancio Paladino, diretor de investimentos da XP Seguros.
‘Estamos diante da possibilidade de triplicar o mercado e precisamos ter um arcabouço tecnológico que permita o suporte para essas transações. O open insurance é a tecnologia que vai permitir essas transações nesse volume e com mais segurança’, complementa o executivo.
Fonte: NULL