O Natal é quando a gente se encontra
O Natal é quando a gente se encontra Como a grande maioria das mulheres que escolheu a vida profissional fora do lar, tenho cá as minhas muitas culpas. Temos culpas pelos campeonatos e torneios que os filhos participam e não comparecemos, pela pouca atenção aos maridos, mas também temos as culpas pelos pais, avós, tios, etc., etc., que nos cobram dedicação e o tempo sempre curto não nos permite atender. A minha mais recente culpa advém dos sobrinhos, principalmente uma das meninas, pré adolescente, cuja infância acompanhei menos ainda que aos outros. Tento compensar a ausência, fazendo-me presente nas ocasiões especiais e priorizando a atenção para a moleca. No entanto, nesse último Natal, por circunstâncias que fugiram ao meu controle, não pude participar das reuniões familiares e, com muito pesar e a sempre enorme culpa, tentei explicar para a sobrinha, uma ausência, para ela, inexplicável. Reuni todos os possíveis argumentos, preparei os contra-argumentos na certeza de que ela, com justos motivos, reagiria. Entretanto, a sabedoria dos inocentes vai muito além do que supomos e, para minha surpresa, após ouvir em silêncio, sua resposta, resumida em uma frase sintetizou para mim o que pode efetivamente ser a simbologia do Natal: – “Tudo bem, tia, o Natal, é quando a gente se encontra”. Refletindo sobre o significado da expressão, pensei no que tem sido ou pode ser o Natal para cada um de nós. Para aqueles que vivenciam o Natal como uma experiência religiosa, a comemoração do nascimento do Cristo, é uma experiência que pode acontecer todos os dias ao se fazer a opção por Cristo em nossas vidas. Para os demais, e me incluo dentre estes, que percebem o Natal como uma celebração da família, essa celebração pode e deveria ser permanente, não apenas na reunião anual em que nos sentimos obrigados a comparecer porque não fomos capazes de uma única vez durante o ano abrir mão de algum tempo para manifestar carinho, alegria ou mesmo conforto para o ser querido. Da experiência, aprendi que urge mudar. Antes de tudo, porque é uma experiência gratificante e quanto mais não seja, porque talvez para alguns não haverá tempo para celebração do próximo Natal. Que façamos então de cada dia o nosso Dia de Natal! Feliz Ano Novo de muitos Natais!
Berenice M. G. Areias
Conselheira do Clube das Luluzinhas, sócia da empresa Braservices – Serviços Técnicos de Riscos e Seguros Ltda., consultora e analista de riscos.
