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O desafio da previdência

Por Danylo Martins

O país está envelhecendo, isso é fato. Entre 1980 e 2013, a expectativa de vida no Brasil aumentou 17,9%, passando de 62,7 para 73,9 anos, um aumento real de 11,2 anos, de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano 2025, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O principal desafio é aproveitar o bônus (ou dividendo) demográfico ainda presente na sociedade, disse Eduardo Giannetti, doutor em economia pela Universidade de Cambridge, filósofo e autor de vários livros, entre os quais, “O valor do amanhã”, em palestra realizada na noite da última quinta-feira (21) na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, sobre as perspectivas para a economia nacional.

Perguntado pela reportagem de Letras&Lucros sobre como enfrentar esse cenário, o economista foi direto: “o melhor investimento que o Brasil pode fazer em previdência é aumentar a produtividade”. Mas essa aposta precisa começar desde já, segundo ele. “Estamos perdendo muito tempo para que [o investimento] comece a acontecer. O Brasil ainda está no dividendo demográfico, ou seja, nós temos uma proporção alta de pessoas em idade de trabalho [população em idade ativa] em relação às crianças e aos idosos”, explica.

Produtividade do brasileiro é baixa

De acordo com Giannetti, o número de pessoas dependentes da renda criada por quem está trabalhando atualmente vai crescer proporcionalmente ao aumento da quantidade de pessoas em idade ativa. Por isso, é importante investir em produtividade do trabalho. “Se não a aumentarmos [a produtividade do trabalho] nesse período, não vamos ter como financiar a renda necessária para dar conta do bem-estar e da segurança de um contingente de brasileiros que não vai estar mais no apogeu da capacidade de gerar renda”, destaca o economista. Para ele, talvez esse seja um dos desafios mais graves de longo prazo que o país enfrenta. “Trata-se de uma janela que está se estreitando e está sendo perdida.”

Sob a ótica global, a produtividade do brasileiro fica atrás de diversos países, explica Giannetti. “Um ano de trabalho do brasileiro gera um valor econômico que é quatro, cinco vezes menor do que 1 ano de trabalho de um canadense ou de um japonês, por exemplo”, compara. Por quê? Segundo o especialista, porque o estoque de capital físico e humano por trabalhador é muito menor e “nosso sistema econômico é pouco eficiente na alocação de recursos, os quais não estão sendo direcionados para onde se gera maior resultado”, diz.

O desafio da maior expectativa de vida não é só uma preocupação de Estado. Para garantir a longevidade, é fundamental ter autonomia e independência.

Fonte: Letras & Lucros

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