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Números impressionantes

Antonio Penteado Mendonça
De acordo com estatísticas recentemente divulgadas, a cidade de São Paulo é palco de 123 mil roubos e furtos de veículos por ano, o que dá 337 roubos por dia ou 14 por hora. Isso explica o porquê de os seguros de veículos custarem tão caro, bem como as montadoras fazerem campanhas para diminuir esses números como estratégia de venda de seus modelos.
Temos, numa conta conservadora, que pelo menos 500 mil unidades dos mais variados modelos de carros são roubados ou furtados anualmente no Brasil.Se tomarmos a quantidade de veículos zero quilômetros, nacionais e importados, vendidos por ano, temos roubados anualmente um número perto de 40% do total de automóveis comercializados a cada 12 meses.
E é ilusão ou megalomania imaginar que a maioria desses automóveis seja levada para o Paraguai ou Bolívia. Eles ficam aqui, desmontados pelos desmanches da vida para a venda das peças; ou transformados em cabritos, circulando pelas nossas ruas com novos donos e novas placas, inclusive próximos do veículo verdadeiro, como foi mostrado por uma reportagem de televisão que filmou dois carros iguais, que nunca se encontraram, um “quente” e outro “frio”, rodando na mesma cidade do interior de São Paulo por quase um ano.
Nesse cenário, as seguradoras pagam todos os anos a conta da maioria das perdas totais por furto ou roubo dos carros novos ou com até 3 anos de idade. A razão é simples: a maioria desses veículos tem seguro contra roubo. E esse número impressionante faria delas, se fossem fabricantes de veículos, uma das quatro maiores montadoras instaladas no Brasil.
Alguns anos atrás essa conta começou a ficar tão cara que as seguradoras decidiram investir em medidas de prevenção pesadas, que beneficiassem os bons segurados, transferindo o maior ônus para os segurados com riscos mais gravosos. Uma primeira medida foi a seleção dos veículos que elas estavam dispostas a segurar. A forma mais eficiente de fazer isso é cobrando mais caro pelos modelos mais visados, daí alguns carros terem o preço de seus seguros nas alturas, o que levou as montadoras a tomarem providências para dificultar seu roubo, instalando sofisticados equipamentos de proteção nos modelos zero quilômetros.
Além disso, as seguradoras desenvolveram e aperfeiçoaram os questionários do perfil de seus segurados de automóveis. Ao contrário do que muita gente pensa, esses questionários não foram feitos para ser verdadeiras “pegadinhas” contra os segurados. A razão de sua adoção por praticamente todas as seguradoras que operam em automóveis foi a tentativa de redução dos prejuízos decorrentes do roubo e do furto dos veículos segurados. As outras perguntas foram incluídas acessoriamente, visando a controlar também as indenizações por colisão.
Como as seguradoras sabem o mapa do roubo e do furto de veículos em praticamente todo o território nacional, através do perfil do motorista, elas podem cobrar um prêmio mais alto para os veículos mais expostos e outro mais barato para os mais protegidos.
Mas mesmo com essas medidas o resultado industrial das carteiras de seguros de automóveis está longe de ser brilhante e sistematicamente fecha o ano no vermelho. Para melhorar esse número, as seguradoras usam o conceito de resultado operacional – somam ao faturamento o resultado dos investimentos dos prêmios, o que tem permitido fecharem no azul. O problema é que, com a queda dos juros, esse número pode ser insuficiente para os balanços de 2007.
*Antonio Penteado Mendonça é advogado e consultor, professor do Curso de Especialização em Seguros da FIA/FEA-USP e comentarista da Rádio Eldorado. E-mail: advocacia@penteadomendonca.com.br

Fonte: O Estado de São Paulo

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