Nova regra para rotativo do cartão de crédito começa a valer em abril
O uso do rotativo do cartão de crédito ficará limitado a um prazo de 30 dias a partir de abril deste ano, de acordo com as novas regras para o uso dessa linha de crédito anunciadas pelo Banco Central nesta quinta-feira (26).
A linha emergencial usada por quem não consegue pagar o valor integral da dívida só poderá ser usada entre o vencimento da conta e a data de liquidação da fatura seguinte.
Depois, as instituições financeiras deverão procurar o consumidor para oferecer nova modalidade de financiamento ou, automaticamente, parcelar o crédito do rotativo, com número determinado de prestações e juros menores.
“Nossa expectativa ê que ofereçam o parcelado do cartão de crédito ao cliente, mas isso será uma opção do banco”, afirmou Otávio Damaso, diretor de regulação do BC.
“Ê um instrumento que torna a operação menos arriscada, ou seja, o custo dela vai ficar menor para a instituição financeira”, disse. “Nossa expectativa ê que, em um mercado competitivo, a indústria vai oferecer taxas menores.”
Os bancos têm até 3 de abril para implementar a medida. Eles precisarão enviar aos clientes novos contratos, que estabelecem o limite do rotativo e como será o parcelamento da fatura.
Segundo o código de defesa do consumidor, o contrato precisa chegar pelo menos um mês antes da mudança das regras -se o cliente não
concordar, ele terá a opção de cancelar o cartão.
A medida vale para pessoas físicas e jurídicas, exceto para cartões de créditos vinculados a empréstimos consignados, que já têm taxas limitadas pelo governo.
Ao explicar a medida, o BC afirmou que os bancos e o governo esperam que as taxas do rotativo caiam dos atuais 485% ao ano para patamares mais próximos dos cobrados no pagamento parcelado da fatura, cerca de 153% ao ano.
Hoje, os bancos já permitem que um cliente sem dinheiro para pagar a fatura integral escolha quitar no mínimo 15% da dívida e entrar no rotativo ou parcelar o total.
Marcelo Noronha, presidente da Abecs (associação da indústria de cartões), diz que a linha de parcelamento oferecida após o limite de tempo no rotativo dependerá da política comercial de cada emissor. O número de parcelas e o valor delas, também.
Isso significa que um banco poderá oferecer apenas a linha de parcelamento de fatura, com juros mais caros, enquanto outro poderá permitir que o cliente opte por um crédito pessoal ou consignado antes do refinanciamento automático.
A taxa do parcelamento de fatura ainda será elevada quando comparada a outras linhas. O crédito pessoal não consignado custa 139% ao ano. O consignado tem juro médio de 29%.
Em dezembro, 37% das operações do rotativo estavam com pagamentos atrasados há mais de 90 dias. No parcelamento de fatura, o índice de calotes ê de 1,1%.
DE OLHO NA CONTA
Entenda as mudanças no rotativo do cartão
1 O que vai mudar no _ cartão de crédito?
Nenhum cliente poderá ficar mais de 30 dias no rotativo. Depois de um mês nessa linha, o banco será obrigado a oferecer crédito parcelado a taxas mais baixas
2 Se após o parcelamento o consumidor precisar usar o rotativo de novo, o que acontece?
O cliente poderá usar a linha, mas as parcelas não entrarão no financiamento. 0 cliente precisará pagar o mínimo de 15% e mais a parcela
3 O parcelamento _ será automático?
Não obrigatoriamente.
No entanto, os bancos podem fixar, nos contratos, que será automático e também qual será a linha de crédito usada para parcelar se isso ocorrer
4 Será possível escolher a linha de crédito para parcelar?
A norma diz que sim. No entanto, os bancos tendem a escolher o parcelamento de fatura. Para usar outras linhas de crédito, o cliente precisará negociar antes do vencimento da fatura
5 E se eu não quiser que o banco financie minha dívida no rotativo?
Precisará pagara fatura integralmente. Caso contrário, não terá opção
Fonte: Folha de São Paulo