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Nossa Caixa perde com despesas cíveis

O aumento das despesas com provisões para contingências cíveis para cobrir correções de planos econômicos reclamadas por depositantes e com provisões para contingências trabalhistas levou a Nossa Caixa a apresentar prejuízo de R$ 67,9 milhões no terceiro trimestre.
Apesar disso, o banco controlado pelo governo paulista teve um resultado acumulado em nove meses de R$ 317,6 milhões, 17,6% inferior aos R$ 385,5 milhões registrados em igual período de 2006. O retorno anualizado sobre o patrimônio líquido inicial foi de 16,6% em comparação com 25% no ano anterior.
As ações ordinárias da Nossa Caixa caíram 1,32% para R$ 29,02, ontem, dia em que o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu 2,27%.
O presidente da Nossa Caixa, Milton Luiz de Melo Santos, prevê que a pressão das provisões vai diminuir neste último trimestre do ano. Os escritórios jurídicos da Nossa Caixa estão monitorando de perto das decisões judiciais em favor dos depositantes. Segundo Santos, as informações mais recentes são “alentadoras”.
A onda de recursos na Justiça reclamando as correções dos planos econômicos Bresser, Verão e Collor cresceu em meados do primeiro semestre com o fim do prazo legal para o recursos, em maio. As despesas com provisões para essa finalidade atingiram o pico de R$ 70 milhões em setembro, mas já recuaram para pouco menos de R$ 50 milhões em outubro. Em 2005, a média mensal foi de R$ 10,5 milhões; em 2006, R$ 19,4 milhões; e em 2007, R$ 41,2 milhões. No terceiro trimestre, somaram R$ 188,85 milhões, acumulando em nove meses R$ 371,459 milhões.
Os outros bancos também tiveram o mesmo problema. No Itaú, as provisões cíveis dobraram em doze meses para R$ 419 milhões; no Bradesco saíram de R$ 74 milhões no segundo trimestre para R$ 126 milhões no terceiro.
Mas, o impacto é maior na Nossa Caixa porque a poupança e depósitos judiciais representam 80% dos depósitos totais, que atingiram R$ 28,8 bilhões em setembro.
Outra diferença é que os grandes bancos de varejo tiveram neste ano elevados ganhos extraordinários com a venda de participação em empresas como a Serasa, Redecard e Bovespa. No segundo trimestre, a Nossa Caixa neutralizou parcialmente as provisões revertendo créditos tributários. Ainda há um saldo de R$ 300 milhões passível de ser utilizado, que o banco examinará no balanço de final de ano.
Outra diferença que não favorece a Nossa Caixa é que sua carteira de crédito ainda é relativamente pequena dentro dos ativos totais. Ao final de setembro, a carteira atingiu R$ 8,6 bilhões, o equivalente a pouco menos de 19% dos ativos totais, com crescimento de 22,8% em doze meses.
As operações com pessoa físicas representam a maior parte da carteira, com R$ 6,7 bilhões e crescimento de 26,6% em doze meses.
O principal negócio é o crédito consignado que saltou 42,1% em doze meses para R$ 3,3 bilhões. A linha deslanchou especialmente depois que a Nossa Caixa comprou a folha de pagamentos dos servidores ativos e inativos do Estado de São Paulo, conquistando 600 mil novos clientes. A aquisição tem um custo trimestral de R$ 104,2 milhões.
Santos afirmou que a fidelização desses novos clientes avança. A margem de contribuição dos novos clientes aumentou de R$ 31,29 para R$ 42,47 entre o segundo e o terceiro trimestre em comparação com R$ 103,35 de um cliente antigo.
Atualmente, 34% dos recursos depositados nas contas desses funcionários são transferidos para outros bancos. No início do ano, o percentual chegou a 42%. “Não se muda de banco como se troca de padaria”, disse Santos. O Santander, anteriormente o banco onde a folha era depositada, contesta esses números.

Fonte: Valor

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