NotíciasPolítica

Nome de Rodrigo Maia cresce dentro do Centrão

O nome do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), circula hoje melhor entre o Centrão, partidos médios e nanicos como possível candidato à Presidência da República numa eleição indireta realizada pelo Congresso Nacional do que no próprio grupo que deu a ele a sustentação inicial para chegar ao comando do Legislativo – PSDB, PSB, PPS e oposição.

No PSDB, que avalia lançar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e ou o senador Tasso Jereissati (CE), a chance de apoiar Maia “é zero”, diz um líder. Os tucanos afirmam que ninguém na lista da Lava-Jato, JBS ou afins terá condições de conduzir o país nesse cenário de instabilidade. “Seria um presidente frágil”, diz um dos comandantes da sigla.

Maia, que assumiria temporariamente a Presidência em caso de renúncia ou cassação de Michel Temer, é investigado em três inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Lava-Jato, com base em delações de executivos da Andrade Gutierrez e Odebrecht. Ele nega as acusações.

Já o PPS e PSB estão hoje conflagrados, com divisões públicas em seus posicionamentos e dificuldade de aglutinar. Um parlamentar de Pernambuco ressalta que o ministro da Defesa, Raul Jungmann, sexto suplente de deputado pelo PPS, já teria se empolgado e, em ligações para alguns parlamentares, tentado posicionar seu nome, dizendo que tem respaldo das Forças Armadas, mas que ganhou corpo.

Na avaliação do Centrão, grupo que orbitava em torno do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e hoje sustenta o governo do PMDB, o candidato na eleição indireta tem que vir da Câmara e Maia é hoje o único deputado com chances de vitória. dizem que ele já parte de potencial maior – teve 293 votos em fevereiro -, enquanto o Senado conta com apenas 81 votantes.

Mesmo nesse grupo, composto por PSD, PR, PP e SD, contudo, são vistas com ressalvas as investigações contra o presidente da Câmara. O futuro presidente da República, dizem, precisa ser alguém com estofo para “peitar” a Lava-Jato no futuro, mesmo que apenas após as eleições de 2018.

A oposição ao governo Temer, por sua vez, apoiou Maia duas vezes, ambas de forma velada, para o comando da Câmara. Embora tivesse candidato oficial no primeiro turno, parte dos votos de PT, PCdoB e PDT foram despejados no candidato do DEM. Já para a Presidência da República, o nome é visto com um pé atrás por ser ferrenho defensor das reformas trabalhista e da Previdência.

Oposicionistas avaliam que Maia tem mais convicção nas reformas que o próprio Temer, o que dificultaria entendimento. A agenda de PT, PCdoB e PDT nessa transição é diametralmente oposta à dele: nos bastidores, parlamentares desses partidos dizem que um possível apoio, a quem quer que seja, está condicionado à suspensão das duas reformas. A pauta até o meio do ano que vem, quando começariam as eleições por voto popular, seriam apenas a reforma política e recuperação da economia com incentivo ao consumo.

O nome que mais agrada os petistas e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é do ex-ministro Nelson Jobim (PMDB), capaz de fazer ponte com o PSDB e Fernando Henrique. É, por enquanto, o único capaz de “construir pontes entre as ilhas” que se hoje são as discussões sobre os possíveis candidatos à sucessão.

Maia tem buscado se manter fiel ao governo, na tentativa de manter a pauta da Câmara e relações com o PMDB, mas, num sinal que levantou a orelha de governistas, negou ontem que tenha sinalizado a rejeição dos pedidos de impeachment de Temer. “Não posso avaliar questão tão grave como essa num drive thru. Não é assim”, afirmou. A OAB protocola hoje mais um pedido – já são mais de uma dezena.

Fonte: Valor

Falar agora
Olá 👋
Como podemos ajudá-la(o)?