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Nextel recua e ágio do leilão cai para 79%

O espanto pela competição acirrada, que havia marcado a véspera, foi substituído por disputas e preços previsíveis no segundo dia de licitações. Na região metropolitana de São Paulo, tida como a área mais nobre para a prestação do serviço, deu o óbvio: as licenças foram arrematadas por Vivo, TIM, Claro e Oi, com ágio entre 34% e 67% sobre os valores mínimos.
Mesmo assim, com 20 dos 36 lotes já leiloados até o fechamento desta edição, a Anatel havia arrecadado R$ 5,1 bilhões com a venda das licenças – bem acima da previsão inicial, de R$ 3,5 bilhões. O adicional sobre o valor mínimo das outorgas, que na terça-feira havia ficado 154%, caiu ontem para 79%. A estimativa da agência, agora, é de que o leilão some R$ 5,3 bilhões.
Vários fatores foram apontados como possíveis explicações para tamanha queda dos ágios. A primeira hipótese surgiu como especulação, ganhou força ao longo do dia, mas foi rejeitada pelas empresas que disputavam o leilão: a de que, insatisfeitas com o preço pago pelas licenças, as operadoras teriam feito uma reunião sigilosa em um hotel de Brasília para combinar ofertas entre si e com a Nextel.
Também houve rumores de que no primeiro dia a Nextel teria dado lances elevados para forçar um aumento na arrecadação. A empresa não havia se manifestado até o fechamento desta edição.
O presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, rechaçou a hipótese de conluio. “Não vejo nenhuma combinação ou conluio. Mas é minha obrigação tomar providências se notar isso. Por enquanto não vejo motivos”, disse.
Teorias conspiratórias à parte, a Nextel pode simplesmente ter avaliado que não compensava para ela entrar forte na briga pelos lotes de São Paulo. Pode parecer estranho para uma empresa que atua exclusivamente no mercado corporativo. Entretanto, arrematar licenças para o Estado mais rico do país implicava levar no pacote a Amazônia e parte do Nordeste, o que talvez não interesse à empresa.
Levantou-se ainda como explicação para o recuo da Nextel uma declaração dada na terça-feira à noite pelo superintendente de serviços privados da Anatel, Jarbas Valente. Ele disse que o órgão regulador poderá fazer novo leilão de telefonia 3G em 2008, colocando no mercado uma subfaixa de freqüência que havia sido reservada para oferta a novos interessados ou para redistribuição entre as operadoras que vencessem a disputa agora. Valente fez essa afirmação em meio às manifestações de interesse da Nextel. Se o leiloeiro antecipa que ainda tem outros bens para colocar à disposição dos interessados, a tendência é de que a concorrência diminua. Ontem à noite, Sardenberg confirmou que a agência ofertará a banda H no primeiro semestre de 2008.
O interesse por essa faixa adicional moveu também outras operadoras. A Brasil Telecom (BrT), por exemplo, apresentou propostas baixas pelos lotes que incluem a Grande São Paulo e o interior do Estado, duas áreas onde não atua. A estratégia da empresa foi entrar nessa disputa para perder, o que evitou que prejudicasse a Oi, com quem ensaia uma fusão. O objetivo era sinalizar que terá interesse nesse lote futuro.
A Oi consolidou sua entrada no Estado de São Paulo, tanto na capital quanto no interior, para oferecer serviços com a tecnologia 3G. Será, assim, a quarta operadora a atuar no mercado paulista.
A Nextel havia sido o fator-surpresa no primeiro dia do leilão. Sua entrada na disputa colocou um quinto participante em uma licitação em que praticamente todas as áreas de prestação tinham apenas quatro candidatos fortes. Como cada área tem quatro lotes, seriam naturais a baixa concorrência e ágios pouco robustos. Ontem a Nextel participou da disputa por vários lotes, incluindo a região metropolitana de São Paulo e o interior, mas desistiu após seus primeiros lances e não demonstrou apetite suficiente para levar as disputas adiante.
Valente condenou a interpretação de que suas declarações tenham afetado o andamento do leilão e negou qualquer desânimo. Para ele, o segundo dia de venda das licenças “não decepcionou, de jeito nenhum” e o que aconteceu é que a Nextel percebeu que teria de apresentar ofertas muito elevadas para arrematar alguma licença. O superintendente também observou que, após as derrotas no Centro-Sul e na área que inclui o Rio, a operadora já não conseguiria ter cobertura expressiva no país. Mercados isolados teriam se tornado menos atrativos.
Ainda faltam ser leiloadas licenças para as Áreas VIII (alguns municípios de Mato Grosso do Sul e de Goiás), IX (região de Franca, em São Paulo), X (Minas Gerais, exceto o Triângulo Mineiro) e XI (Londrina e Tamarana, no Paraná). O maior ágio registrado ontem foi de 117,85%, para um lote no Triângulo Mineiro, vencido pela Oi. A Telemig e CTBC ganharam outros dois lotes. A TIM ficou fora da região.
A arrecadação total deve chegar a R$ 5,3 bilhões hoje, disse Sardenberg. Esta quinta-feira será provavelmente o último dia de leilão. Os recursos levantados, que vão para o caixa do Tesouro Nacional, contrastam com a penúria vivida atualmente pela Anatel. Para 2008, o órgão prevê um orçamento de R$ 411 milhões, se não houver contingenciamento. Neste ano, após os cortes orçamentários, a agência teve cerca de R$ 350 milhões.

Fonte: Valor

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