Negros e pardos recebem metade de salários de brancos, diz IBGE
CLARICE SPITZ
da Folha Online, no Rio
Pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que um abismo ainda separa negros e brancos no mercado de trabalho brasileiro.
Os profissionais negros e pardos ganham em média 51,1% do rendimento dos trabalhadores brancos –ou seja, pouco mais da metade. Enquanto negros e pardos recebiam em setembro R$ 660,45 na média das seis principais regiões metropolitanas do país, os brancos tinham um salário médio de R$ 1.292,19.
Na indústria, um trabalhador branco chega a receber 96,6% mais que negros e pardos. Na construção civil, onde os negros e pardos são maioria, os brancos recebem salários 105,6% superiores.
A disparidade salarial cresce ainda entre os mais escolarizados. Enquanto que os negros e pardos com ensino médio alcançavam um acréscimo de 62% nos rendimentos na comparação com os trabalhadores da mesma cor com oito a dez anos de estudo, os brancos em mesma condição recebiam duas vezes e meia mais.
Na análise por faixa de salário, a pesquisa constatou que 58,9% das pessoas que recebiam até um salário mínimo eram negros e pardos. Por outro lado, eles representavam apenas 15,3% dos que ganhavam mais que cinco salários mínimos.
A desigualdade se reflete também no fato de que negros e pardos ocupam postos pior remunerados. Segundo a pesquisa, 55,4% das pessoas ocupadas na construção civil eram negros ou pardos. Eles representavam ainda 57,8% dos ocupados nos serviços domésticos.
Já os brancos são maioria entre os trabalhadores com carteira assinada. Eles representam 59,7% do total desses trabalhadores, ante 39,8% de negros e pardos.
O grupamento com a menor participação de negros e pardos foi o de Serviços Prestados à Empresas e Intermediação Financeira, Atividades Imobiliárias, com 34,6%.
Escolaridade
Segundo o IBGE, os negros e pardos têm em média 7,1 anos de estudo. Para os brancos, essa média é de 8,7 anos.
No ensino superior, enquanto 8,2% dos negros e pardos que tinham acima de 18 anos freqüentavam ou já freqüentaram algum curso, para os brancos esse percentual saltava para 25,5%.
Ainda em relação à educação, verificou-se que 20,1% dos negros e pardos, com 10 anos ou mais de idade, tinham algum curso de qualificação profissional, enquanto na população branca a variação percentual subia para 25,3%.
Fonte: Folha de São Paulo