Negociação criará forte disputa entre seguradoras
A compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, se concretizada, criará uma disputa peculiar no mercado de seguros. Ambos têm acordos com seguradoras independentes. Os bancos recebem comissão para disponibilizar suas agências para a venda de seguros, previdência e capitalização. Obviamente os sócios dos bancos irão disputar o direito de uso dos canais com muito entusiasmo.
O Banco do Brasil é sócio da americana Principal em previdência privada; da Aliança da Bahia em seguros patrimoniais e de vida; da SulAmérica em seguro-saúde e automóvel; e em capitalização tem Icatu Hartford e SulAmérica como parceiras.
A Nossa Caixa privatizou, por meio de leilão, 51% da Nossa Caixa Vida e Previdência, cujo vencedor foi a Mapfre, em maio de 2005, com direito de exclusividade por 20 anos. A Mapfre disputou o leilão com Cardif e Icatu Hartford. Pagou ágio de 46,6%, com o preço de R$ 225 milhões. A parceria é usada como um case de sucesso no setor. “Para nós ser sócio do governo estadual ou do governo federal é de grande importância. A Mapfre é o maior investidor do setor nos últimos cinco anos, com mais de US$ 600 milhões aportados no período”, Antonio Cássio dos Santos, presidente da Mapfre.
Em dezembro de 2007, a Icatu Hartford venceu leilão para o uso exclusivo da rede de atendimento da Nossa Caixa para a venda de produtos de capitalização. O direito de exclusividade do balcão do banco tem prazo de cinco anos e foi adquirido por R$ 64 milhões, valor que representou ágio de 156% sobre a oferta mínima definida pelo banco R$ 25 milhões mais um percentual a título de remuneração à Nossa Caixa sobre o valor das vendas.
Detalhes dos contratos não foram revelados. Geralmente, os acordos de parcerias têm previsões específicas por compra ou venda do canal por um terceiro. “A questão financeira sempre é equalizada. A grande perda em uma parceria deste tipo seria a do canal de distribuição”, avalia José Rubens Alonso, sócio da KPMG, especializado em seguros.
O caso do Santander será um balizador para outras operações que venham a ocorrer. O banco espanhol comprou o ABN, que, por sua vez, vendeu as operações de ramos elementares e 50% de vida e previdência para a japonesa Tokio Marine em 2006, com exclusividade de venda no canal do banco por dez anos. Ainda não se sabe o que acontecerá, mas servirá de exemplo. “A lição que ficará no mercado é a necessidade de se tomar muito cuidado na hora de fazer um contrato, imaginando todas as possibilidades”.
Sem considerar seguro-saúde, o BB é o sexto maior grupo segurador do País, com prêmios de R$ 810 milhões no primeiro trimestre deste ano. Lidera capitalização e ocupa o terceiro lugar em previdência, com cerca de R$ 800 milhões em contribuições.
Fonte: Gazeta Mercantil