“Não somos uma AIG”, afirma executivo do grupo XL Capital
A exemplo de outras empresas atingidas pela crise financeira internacional, a XL Capital apresenta uma extensa lista de números acompanhados pela indicação “no vermelho”. Neste ano, o grupo segurador sediado nas Bermudas e um dos maiores do mundo registra prejuízo de US$ 1,134 bilhão até setembro, acumula desvalorização superior a 90% na Bolsa de Nova York e admite perdas de mais de US$ 200 milhões em investimentos no mercado de títulos imobiliários de alto risco dos EUA, os chamados subprime.
Mesmo assim, Carlos Caputo, diretor-regional da resseguradora do conglomerado financeiro, a XL Re, garantiu que a empresa tem planos para crescer e não vai seguir o caminho da AIG, seguradora norte-americana que já foi a maior do mundo em valor de mercado e agora vende ativos em todo o mundo para honrar o socorro financeiro de US$ 150 bilhões recebido do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
“O valor da ação da XL tem caído por causa de investimentos financeiros. A situação da AIG é muito diferente. Ela teve que recorrer a um empréstimo do governo americano para não declarar insolvência. Não é o caso da XL, que tem dinheiro em caixa. Temos operado normalmente sem a ajuda externa do mercado e mantivemos o nosso rating”, afirmou Caputo, em entrevista à Gazeta Mercantil, por telefone.
O responsável pela área de resseguro da XL para a América do Sul reconheceu que as perdas financeiras prejudicaram o desempenho operacional e que a exposição dos ativos do grupo a títulos subprime pode chegar a 5%. A companhia informou em seu balanço que, além das perdas de US$ 201 milhões, possui US$ 659 milhões penhorados nesse tipo de papel até setembro de 2008.
Carlos Caputo não confirmou se o grupo está buscando um comprador. Na terça-feira, notícias veiculadas pela imprensa norte-americana deram conta de que a seguradora estava colocando seus ativos à disposição para melhor remunerar seus acionistas. “Teoricamente, a seguradora XL tem um valor mais barato no mercado, mas continua sendo sólida em seus fundamentos.”
Itaú e resseguros
O diretor regional da XL Re também disse desconhecer qualquer tipo de negociação para encerrar a sociedade no País entre o grupo XL Capital e banco Itaú, firmada em agosto de 2006. Desde o anúncio da fusão Itaú-Unibanco, no mês passado, fontes do mercado passaram a sustentar que as duas instituições buscariam independência na área de seguros, informação que ganhou força com o encerramento da parceria entre Unibanco e AIG.
Por meio da assessoria de imprensa, a direção da Itaú-XL garantiu que os problemas financeiros do grupo XL Capital no exterior não impactam os negócios da seguradora no País e que as operações de seguros estão “muito bem capitalizadas”. De janeiro a outrubro, a receita de prêmios de seguros da empresa é de R$ 473,8 milhões, crescimento de quase 30% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo Carlos Caputo, a dificuldade enfrentada pela XL global na área financeira também não deverá afetar a atuação da resseguradora do grupo. Nesta semana, a XL Re recebeu autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para ser a quinta companhia a operar no mercado local do País, que garante preferência de negociar 60% do volume de prêmios.
“Estamos no País há dez anos e temos boas perspectivas com a abertura do mercado [em abril deste ano]. Vamos manter nossa resseguradora admitida junto com a local para ter acesso a 100% do mercado. Nossa expectativa é positiva e de crescimento. Nossos planos, inclusive, são aumentar o investimento inicial”, contou Caputo. A XL Re começou suas operações com R$ 106 milhões, o dobro do capital exigido pela Susep. A empresa contará com sedes em São Paulo e no Rio de Janeiro, os dois principais mercados de resseguro do País.
Para o executivo, a Itaú-XL não será cliente preferencial pelo fato de ter ligações com o grupo. “É mais uma seguradora cliente. Vamos ainda manter nossa parceria com o IRB-Re e outras
Fonte: Gazeta Mercantil