Na Austrália se ensina resiliência
Aproveitando que o Ano Novo começa antes na Austrália, escrevo a última coluna do ano apontando a lente para lá, porque este é um país empenhado em criar um Estado de bem-estar.
Quem explica a dimensão do projeto é Gabrielle Kelly, diretora do Centro de Bem-Estar e Resiliência da South Australian Health Medical Research Institute, que esteve no Brasil recentemente. O bem-estar pode ser medido, ensinado e aprendido. E temos que ter líderes de governos e organizações envolvidos.
Essa é uma questão de saúde pública, que vai gerar economia para o sistema de saúde, sempre sobrecarregado mesmo nos países mais ricos, afirma.
O centro que Gabrielle comanda já atuou junto a escolas, indústrias, empresas privadas, funcionários do sistema carcerário e jovens que não estudam nem trabalham. Cursos com a duração de três meses beneficiaram milhares de pessoas e apresentam resultados positivos na diminuição do absenteísmo e de acidentes. O trabalho é todo baseado na psicologia positiva, partindo do pressuposto de que resiliência pode ser ensinada e construída.
Com a máxima de quanto mais cedo melhor, mas nunca é tarde demais, ela garante que o fundamental é modificar comportamentos. É importante negociar com o cérebro. Temos que ensinar resiliência desde cedo, porque não é possível evitar o tempo todo situações de estresse e risco, que são inerentes à própria vida. As pesquisas mostram incremento no otimismo, na saúde e na felicidade quando aprendemos a reagir positivamente diante da pressão, a nos adaptar e superar os obstáculos, completa.
O programa não deve ser confundido com tratamento para quem enfrenta problemas mentais, e sim como um conjunto de ferramentas para encarar os reveses que acontecem com todos nós. O objetivo é ambicioso: estar em boa forma física, afiado mentalmente e forte emocionalmente. Este blog já abordou como desenvolver resiliência na maturidade e também a expansão do número de adeptos da psicologia positiva, criada pelo psicólogo Martin Seligman.
Essa é cartilha do centro de bem-estar dirigido por Gabrielle, que trabalha o fortalecimento das emoções positivas e de uma rede de relacionamentos; o engajamento em ações e projetos que tenham significado para as pessoas e tragam um sentimento de realização. Tudo isso combinado com cuidados com a saúde, que se traduzem em atividade física, alimentação adequada e boas horas de sono. É preciso levar em conta que o sistema de pensões na Austrália é reconhecido como um dos mais sustentáveis do planeta, o que é determinante para a manutenção da qualidade de vida dos seus idosos.
No entanto, também podemos ter em mente que, de um modo geral, os eventos agradáveis acontecem com uma frequência de três a cinco vezes maior do que os ruins, mas temos um mecanismo interno poderoso que nos leva a só lembrar dos negativos.
Talvez possamos começar por aí em 2018!
Fonte: G1