MP-RS pede prisão de atropelador de ciclistas
Porto Alegre O Ministério Público Estadual do Rio Grande do Sul pediu a prisão preventiva do bancário Ricardo Neis, de 47 anos, na noite de ontem. Ele é acusado de ter atropelado pelo menos 16 ciclistas que percorriam a Rua José Bonifácio, no Bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, na sexta-feira. Até o fechamento desta edição, o plantão do Judiciário não havia informado se aceitaria o pedido. Em depoimento à Polícia Civil, que também pediu a prisão de Ricardo, o motorista disse que arrancou com o carro em legítima defesa, por temer agressões dos ciclistas que participavam de uma passeata na capital gaúcha.
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O bancário Ricardo Neis disse à Polícia Civil que acelerou o carro contra a multidão para evitar ser linchado. Pelo menos 16 pessoas foram atropeladas oito delas indo parar no hospital com cortes e fraturas. O episódio ocorreu na noite de sexta-feira. Na versão que apresentou à Polícia Civil, o bancário alega que estava na companhia do filho de 15 anos, e os ciclistas começaram a bater no carro. Durante todo o caminho, eles foram batendo no carro. A partir de um momento, vi uma brecha e passei um pouco de alguns deles ultrapassou-os , eles se enfureceram e começaram a agredir violentamente o carro. Quebraram o espelho, deram vários socos, jogaram a bicicleta por cima, disse.
Ele diz que arremeteu com o carro contra os ciclistas por medo. Naquela situação, eu me desesperei e tinha que sair dali o mais rapidamente possível para evitar o linchamento, afirmou à imprensa na saída da delegacia. Depois de ouvido, na companhia de dois advogados, o atropelador foi liberado pela polícia. O delegado que investiga o caso, Gilberto Almeida Montenegro, não quis dar entrevista. A Polícia Civil não informou como vai enquadrar criminalmente a conduta do motorista. Ele pode responder por lesão corporal ou por tentativa de homicídio contra os ciclistas.
Mas, se a polícia confirmar as acusações de que o atropelamento foi proposital, o motorista poderá responder por lesão corporal dolosa (intencional) ou mesmo tentativa de homicídio. O carro envolvido no acidente, um Golf preto, foi localizado por policiais militares a cerca de quatro quilômetros do local do atropelamento. O veículo, avariado, estava abandonado, segundo a polícia, e será submetido a perícia.
Por volta das 19h de sexta-feira, cerca de 130 integrantes de um grupo chamado Massa crítica, que realiza um passeio mensal para promover o uso da bicicleta como meio de transporte, pedalavam pela Rua José do Patrocínio, na Cidade Baixa (Região Central). No grupo, havia crianças. O motorista do Golf preto pediu passagem pelo meio das bicicletas e não foi atendido por falta de espaço na rua, de acordo com o relato de ciclistas.
As vítimas afirmam que o suspeito buzinava e acelerava por três quarteirões e o carro chegou a tocar uma das bicicletas que estavam na retaguarda do grupo. No terceiro quarteirão, na esquina com a Rua Luiz Afonso, conforme relatos colhidos pela reportagem, o motorista do Golf esperou que o grupo se distanciasse alguns metros, acelerou e investiu contra o grupo de ciclistas. Tinha muita gente, inclusive pais com crianças em cadeirinhas. O atropelamento foi proposital, porque ele vinha várias quadras atrás, acelerando, xingando, buzinando, disse Guidoux Kalil, de 31 anos, que participou da passeata. Segundo ele, depois que o carro passou pelos ciclistas, o local virou cenário de guerra, com bicicletas retorcidas e muita gente sangrando pelo chão.
Cenas filmadas
Vídeos publicados no YouTube mostram imagens captadas por um dos participantes no momento do atropelamento. Em um vídeo de nove minutos e cinco segundos, depois de atropelar duas pessoas, que voam por cima do capô, o veículo continua acelerando, atinge várias outras e foge. A cena dura cerca de quatro segundos. Depois dos atropelamentos, o cenário de caos: bicicletas retorcidas nas ruas, pessoas sangrando no chão e muitos gritos pedindo para chamar ambulâncias e a polícia.
Fonte: JUSBRASIL NOTICIAS