Mercado reduz alta do PIB para 0,4%
O crescimento real da economia brasileira, em 2017, nem sequer alcançará, pelas novas previsões de mercado, o 0,5% ainda oficialmente projetado pelo governo. Divulgada ontem no relatório semanal Focus, a última pesquisa feita pelo Banco Central junto a mais de uma centena de bancos e empresas mostra que os agentes econômicos esperam que o Produto Interno Bruto do país aumente 0,4% este ano.
O número corresponde à mediana das projeções fornecidas pelas instituições consultadas. Houve queda, pois o índice estava há quatro semanas estacionado em 0,5%. Coincidindo, portanto, com a projeção oficial.
Em meio a essa deterioração de expectativas sobre o comportamento do PIB, o governo reage discutindo, por enquanto internamente, a possibilidade de baixar novas medidas para estimular o crescimento econômico. Recentemente, houve, por exemplo, liberação de recursos de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Segundo fonte da base parlamentar governista, estaria descartado, pelo menos no momento, um reajuste da tabela de descontos do Imposto de Renda da Pessoa Física (IPRF). “Isso não teria efeito ainda este ano”, explicou. Tampouco estaria entre as medidas, disse a fonte, um reajuste dos benefícios do programa assistencial Bolsa Família.
A discussão em torno de um “pacote de bondades” ocorre num momento de baixíssima popularidade do presidente Michel Temer, por causa de denúncias de corrupção. Entre analistas econômicos, há quem entenda que o governo cometerá um equívoco caso caia em tentação e busque recuperar popularidade adotando medidas pontuais e não estruturais de incentivo.
É o caso do economista Carlos Eduardo de Freitas, consultor independente e ex-diretor do Banco Central. “Essa queda (na expectativa do mercado para o crescimento do PIB) não tem valor clínico. Os sinais vitais da economia estão bons”, disse, destacando que 0,4% ainda representa virada em relação a 2016. No ano passado, lembrou, o PIB brasileiro encolheu 3,6% em termos reais.
Freitas defende que não há necessidade de novos estímulos principalmente diante dos efeitos da atual situação das contas públicas. “A política fiscal já é suficientemente expansionista. Só a injeção de dinheiro representada pelo deficit público basta para estimular a demanda”, disse.
Ele refere-se ao fato de que, ao ter deficit em suas contas, o governo federal já injeta bilhões na economia. Freitas estimou que só o deficit primário, isto é, sem contabilizar os gastos com juros sobre a dívida pública federal, fechará 2017 em torno de R$ 150 bilhões. O número dele é ligeiramente superior ao teto previsto na meta do governo, de R$ 144 bilhões, considerando o governo central e estatais federais dependentes do Tesouro Nacional.
Fonte: Correio Braziliense