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Mercado começa a se acostumar a tom de mensagens de presidente dos EUA

A queda da volatilidade nos mercados de câmbio sugere que os operadores estão se acostumando à retórica das mensagens postadas pelo novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Twitter. A volatilidade do euro em relação ao dólar, uma medida das oscilações esperadas, caiu aos níveis anteriores às eleições americanas de novembro, depois de atingir o maior patamar em cinco meses com a vitória de Trump.

As moedas vêm oscilando freneticamente em razão dos comentários de Trump, mas isso se encaixa na tendência de os presidentes provocarem maior impacto no começo de seus mandatos quando falam muito, segundo afirma Kit Juckes, um estrategista do Société Générale em Londres com mais de três décadas de experiência em análises do mercado de câmbio.

“O mercado está reagindo aos comentários de Trump. E quando ele não faz nenhum comentário no Twitter até o meio-dia, as pessoas começam a pensar que ele dormiu demais”, afirmou em uma entrevista Andy Soper, diretor de negócios com opções de ações dos países do G-10 da Nomura Holdings. “Certamente ele está provocando mais volatilidade, mas as pessoas estão começando a ficar um pouco entediadas. O mercado começará a prestar menos atenção aos seus tuítes e se acostumar com esses factoides.”

A queda da volatilidade implícita entre o euro e o dólar é uma repetição do que aconteceu depois da vitória de George W. Bush, em 2000, e de Barack Obama, em 2008. O euro teve a maior queda em duas semanas em comparação ao dólar no dia 31 de janeiro, depois que o assessor comercial de Trump disse que o euro está “brutalmente subvalorizado”, mostrando a alta sensibilidade do mercado de câmbio às declarações do novo governo americano.

Trump quebrou o protocolo ao começar a fazer comentários no Twitter, inclusive no meio da noite, forçando os operadores a reavaliarem suas posições nos mercados de câmbio ininterruptamente.

Em 1º de fevereiro, o rublo teve seus ganhos anulados depois que Trump disse que não vai facilitar “nada” para a Rússia, abalando as esperanças de uma redução das sanções que vinham alimentando uma recuperação da moeda russa desde as eleições.

Antes da posse, o peso mexicano apagou uma valorização de 1,5% que mantinha sobre o dólar em 5 de janeiro, depois que Trump ameaçou taxar a Toyota Motor Corp. por sua intensão de construir uma fábrica no México. Desde então, o peso vem se mantendo no patamar em que estava logo depois da eleição.

“Observando a volatilidade do câmbio, do euro em relação ao dólar e do dólar diante do peso, vemos que os temores diminuíram, pois o mercado está se acostumando ao estilo do novo presidente”, diz Sebastian Galy, diretor de estratégia de câmbio do Deutsche Bank, em Nova York. “O mercado ainda está negociando sob influência dos tuítes de Trump, mas a reação sobre os negócios dólar-peso claramente se enfraqueceu.”

Com apenas duas semanas de governo, já alcançamos o “pico dos tuítes”, diz o diretor de operações de câmbio com moedas dos países do G-10 de um banco de Londres, que pediu para não ser identificado porque não está autorizado a falar com a imprensa.

“Eu acredito que os comentários diários do governo Trump em apoio à proteção comercial, acusando outros países de manipulação do câmbio, terão um impacto decrescente sobre o mercado”, avalia Athanasios Vamvakidis, que é diretor de estratégia de câmbio para os países do G-10 do Bank of America Merrill Lynch (BofA).

“Isso poderá não demorar muito”, afirmou ele, acrescentando que o que acabará sendo importante para a moeda americana serão os dados econômicos, fiscais e de política monetária dos Estados Unidos.

Fonte: Valor

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