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Mercado busca sinais em comunicado do Copom

O texto do Copom a ser divulgado junto com a decisão de política monetária da próxima quarta-feira deve trazer os mesmos pontos das últimas comunicações oficiais do Banco Central, mas com tintas mais carregadas sobre a fraqueza da atividade. Isso, segundo analistas, não só vai manter vivo como fortalecerá o debate sobre corte de 0,75 ponto percentual da Selic em fevereiro.

Para esta semana, embora algumas casas não descartem corte de 0,75 ponto, a aposta majoritária é de redução de 0,50 ponto. A comunicação coerente com um corte de meio ponto é um dos argumentos para esse “call”, segundo analistas. Veja os principais pontos a serem monitorados.

Fraca atividade econômica: Talvez o elemento principal sobre o qual o mercado vai se debruçar. Desde a última decisão de política monetária, no fim de novembro, os indicadores de atividade só trouxeram decepção. Na última ata do Copom, o BC já havia admitido que os indicadores econômicos estavam “aquém do esperado” e citou o “alto nível de ociosidade” da economia. Desde então, porém, os dados continuaram piorando, com queda nos índices de confiança de vários setores e do ritmo de atividade. A produção industrial de novembro, divulgada na semana passada, jogou um balde de água gelada nas expectativas do mercado e levou investidores a fortalecer a possibilidade de o BC precisar ser mais agressivo no afrouxamento monetário, sob pena de comprometer o já fraco crescimento previsto para 2017.

Flexibilidade do regime de metas: Analistas dizem que a flexibilidade na política monetária citada pelo BC no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro é outro ponto que tende a fortalecer apostas em cortes de juros mais agressivos daqui para frente. Na página 49 do documento, o BC diz que um ambiente de expectativas de inflação ancoradas permite que o Copom siga princípio que confere “flexibilidade aos regimes de metas para a inflação”. No mesmo parágrafo, o Copom diz que “essa flexibilidade permite que os custos de desinflação sejam levados em conta nas decisões de política monetária”. Ou seja, a fraqueza da atividade econômica, com desemprego em alta, renda em queda e economia parada, passam a influenciar mais claramente as decisões de política monetária.

Inflação cadente: O BC reconhece que, no trimestre até setembro, a inflação ficou 0,52 ponto abaixo do projetado. Os dados condensam a percepção do mercado de que a inflação já permite ao BC acelerar o corte de juros. No RTI, o BC projetou IPCA de 0,48% em dezembro, mas na Focus o mercado já prevê taxa de 0,36%. E há projeções que chegam a 0,20%. Uma surpresa de avaliação com a inflação, porém, é vista como menos provável, segundo analistas. Isso porque o BC já previu no RTI altas sazonais nos preços de alimentos no começo do ano, reajustes nos preços de combustíveis e aumentos nas tarifas de transporte público em diversas capitais. Isso poderia tirar convicção para o BC passar a ver alta menor de preços.

Cena externa incerta: Há dois pontos que, para analistas, continuarão sendo utilizados pelo BC como trava a uma migração em massa de apostas para um corte de 0,75 ponto da Selic. E um deles é a avaliação sobre o exterior. No RTI, o BC avaliou o cenário internacional como “especialmente incerto”, com o “possível fim” do interregno benigno para economias emergentes. O BC cita ainda a retomada do processo de normalização das condições monetárias nos EUA, cuja expectativa de continuação em 2017 se fortaleceu desde o fim de dezembro. A referência à incerteza externa no comunicado deverá refletir ainda a expectativa pela posse de Donald Trump na Presidência dos EUA, marcada para o dia 20.

Ajuste fiscal: A dúvida sobre a materialização do ajuste fiscal é o segundo ponto de ressalva para uma intensificação do alívio monetário. Em coletiva no dia 13 de dezembro, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, disse que o país vive mais incertezas políticas do que se gostaria e que isso “obviamente” tem impacto. No RTI, o Copom volta a destacar a importância da implementação das reformas, que o colegiado do BC considera como “fundamentais”.

Fonte: Valor

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