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Mercado busca sinais em comunicado da reunião do Copom

O mercado financeiro aguarda a decisão de política monetária do Banco Central de amanhã com ampla expectativa de corte de 1 ponto percentual do juro básico. Com a decisão do Copom já nos preços, as atenções se voltam para as sinalizações do comunicado que acompanhará o anúncio do novo patamar da Selic, hoje em 10,25% ao ano.

Ontem, os Juros negociados na B3 ficaram perto da estabilidade, o que reflete em boa parte os preços já ajustados para a reunião do Copom. Um debate que ganha corpo é qual patamar a Selic poderia alcançar ao fim do atual ciclo. O banco Votorantim se juntou à lista de instituições que revisaram para baixo suas estimativas para o juro básico ao fim do ano e agora espera taxa de 8% até dezembro, contra 9% no cenário anterior. Dias atrás, o BTG Pactual passou a ver Selic também de 8% neste ano (8,5% antes). J.P. Morgan (8%), BNP Paribas (de 8% para 7,5%) e BofA (de 8,25% para 7,75%) são outras casas que baixaram recentemente seus prognósticos para o fim de 2017.

Esses são alguns pontos que devem estar presentes no comunicado da decisão de política monetária:

Copom mais lacônico: Depois de no comunicado da última reunião ter sido mais duro e posteriormente ajustado o tom na ata e em discursos, é provável que o colegiado do BC desta vez evite referências mais claras sobre os próximos passos. A expectativa é que, nas entrelinhas, ainda fique a sensação de que a reunião de setembro será marcada por abrandamento no ritmo de queda da Selic. Esse cenário está embutido no mercado financeiro. A curva de DI da B3 projeta redução em torno de 0,70 ponto no encontro de setembro. Mas, embora se espere que o BC sinalize uma redução do ritmo, também deve deixar a porta aberta para manutenção caso se verifiquem surpresas adicionais na inflação, na atividade econômica e de medidas de risco no mercado.

Surpresa com inflação baixa: Essa será a principal justificativa para o provável corte de 1 ponto a ser promovido amanhã. Comparando as estimativas para o IPCA de junho, julho e agosto do último Relatório Trimestral de Inflação (RTI) com as da pesquisa Focus divulgada ontem, a inflação acumulada no período deverá ficar 44 pontos-base abaixo da estimativa do próprio BC. E as expectativas seguem ancoradas, mesmo após a turbulência inicial gerada pela crise política.

Câmbio: Muito desse bom comportamento dos prognósticos para o IPCA se deve à surpresa com a taxa de Câmbio, que não sustentou a desvalorização observada inicialmente. A resiliência do Câmbio vem do exterior, onde prevalece a demanda por risco. O real sobe 5,32% em julho, melhor desempenho entre 33 pares da divisa americana.

Atividade econômica: A fragilidade da economia é outro motivo que deverá embasar a decisão do Copom de reduzir a Selic em 1 ponto. De dez leituras de indicadores econômicos divulgados entre junho e julho, apenas três (produção industrial de março e abril) e as vendas no varejo de abril vieram melhores que o esperado. O número agregado do PIB do primeiro trimestre também veio melhor, mas dados da demanda interna se mostraram mais fracos. As duas leituras do IBC-Br divulgadas desde o começo de junho também ficaram aquém das expectativas. Com esse pano de fundo, o chamado hiato do produto – diferença entre o crescimento efetivo da economia e seu potencial – segue negativo, o que dá tranquilidade para o BC cortar os Juros eventualmente abaixo do nível considerado neutro.

Aumento de impostos: Analistas não acreditam que os efeitos sobre a inflação vindos da recente alta de tributos podem mudar as avaliações do BC sobre as decisões de política monetária dos próximos meses. Mesmo com algumas casas elevando em cerca de 50 pontos-base as expectativas para a inflação de 2017, o IPCA ainda ficaria abaixo da meta (4,5%). O ponto de atenção são eventuais efeitos secundários dos reajustes e o impacto sobre as projeções para 2018. No entanto, a pesquisa Focus de ontem não trouxe piora na expectativa de inflação para o ano que vem, que permaneceu em 4,20%.

Fonte: Valor

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