Meirelles vê sinais de expansão maior do PIB
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ontem que não há necessidade, no momento, de rever a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, de 1%. Ele afirmou que espera mais dados para decidir se fará uma revisão em março, quando o governo, por lei, tem de apresentar o relatório bimestral de receitas e despesas, com os parâmetros macroeconômicos. Segundo o ministro, uma série de dados novos têm sinalizado positivamente em relação à atividade econômica. Um exemplo dado por Meirelles foi o aumento da demanda por papelão ondulado e o maior tráfego de veículos de carga em estradas com pedágio, indicadores de aquecimento da atividade.
As vendas de papel ondulado, que é usado em embalagens, cresceram 5,51% em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados da associação do setor. Já o índice ABCR, que mede o tráfego em rodovias com pedágio, constatou um aumento de 4,8% no fluxo de veículos pesados em dezembro, frente a novembro, já descontados efeitos sazonais.
– Concluímos que não há, agora, a necessidade de fazer uma revisão nesse momento do PIB, vamos manter, por enquanto, a nossa taxa prevista. Em resumo, está havendo uma série de mudanças importantes, uma inflexão positiva na economia brasileira. Em março, aí sim vamos analisar o crescimento do PIB – disse ele, ao participar de um evento promovido pela Caixa Econômica Federal. PARA MINISTRO, MERCADO VAI MELHORAR PREVISÃO Meirelles contestou a previsão pessimista do mercado, que já prevê um crescimento de 0,5% para este ano, e disse esperar que haja uma revisão para cima desses indicadores ao longo do tempo. Ele ressaltou que mantém a previsão de crescimento de 2% no último trimestre de 2017 em relação ao mesmo período de 2016.
De acordo com o ministro, existem questões de arrecadação que ainda precisam ser avaliadas para que o governo tenha uma ideia mais concreta de quanto em receitas entrará nos cofres públicos esse ano. Ele citou o programa de repatriação, que ainda está tramitando no Congresso, e o programa de regularização tributária, que começou a vigorar em 1º de fevereiro e permite que pessoas e empresas parcelem dívidas tributárias e previdenciárias: – Teremos uma noção mais clara disso dentro de 90 dias.
O ministro afirmou que, assim que o governo Temer assumiu, houve uma expectativa eufórica de que a recuperação econômica seria fácil e rápida. Ele ponderou, contudo, que uma crise nas dimensões da enfrentada pelo país demandará tempo para ser contornada, mas garantiu que isso já vem ocorrendo.
– Houve uma expectativa inicial eufórica de que seria uma coisa fácil e rápida. Evidentemente que não, uma crise dessa dimensão demanda um certo tempo para que a economia se recupere, mas isso está acontecendo – explicou.
Meirelles afirmou que o governo manteve o foco, em um primeiro momento, na recuperação do quadro fiscal. Segundo ele, essa foi uma das principais razões que levaram o Brasil à maior recessão de sua História. Agora, o foco é em estimular o crescimento.
Ele citou as medidas já aprovadas e anunciadas pelo governo, como a desvinculação das receitas da União (DRU), o teto para os gastos públicos e as medidas microeconômicas. Além disso, ressaltou a importância da reforma da Previdência, que tramita no Congresso.
Meirelles previu, no entanto, que o debate em torno da Previdência será “muito intenso”. Segundo ele, a sociedade precisa entender o projeto. Para o ministro, é mais importante para o trabalhador ter a garantia de recebimento futuro da aposentadoria do que saber se vai se aposentar mais tarde do que previa: – O projeto está caminhando e será um debate claramente muito intenso, o que é positivo. É importante que a sociedade debata e entenda o projeto. Não é possível se financiar uma Previdência que não esteja de acordo com a capacidade do país de pagar. É mais importante para o trabalhador ter a garantia da aposentadoria do que saber se vai se aposentar mais três ou cinco anos à frente O ministro ainda defendeu uma menor participação do Estado na economia. Segundo ele, o governo nos últimos anos cresceu acima do PIB e ocupou o espaço do setor privado.
– Na medida em que controlamos as despesas públicas, isso faz com que exista maior disponibilidade de recursos para o setor privado. O que acontecia antes era simples. Na medida em que o governo crescia mais do que o PIB, mais do que a produção nacional, uma parte do setor privado era como que expulso da economia – explicou.
Fonte: O Globo