Maior competição incentiva parcerias e uso de tecnologia na previdência
Para enfrentar a competição mais acirrada na indústria da previdência nos últimos três anos, as mega seguradoras estão investindo em tecnologia e ampliando parcerias para estancar a saída de recursos de suas carteiras. O dinheiro tem escoado de seus caixas de duas maneiras: no resgate de investidores que querem saldar dívidas; e por meio da portabilidade, devido ao esforço de seguradoras como Icatu, XP e BTG, que vêm conquistando fatias crescentes de um bolo que antes estava concentrado em Brasilprev, Bradesco, Itaú, Caixa e Zurich Santander.
Juntas, estas, historicamente, detinham mais de 90% do total de recursos do setor. Hoje estão próximas a 81% do total de R$ 1,16 trilhão em patrimônio líquido (PL), segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi).
A pandemia também acelerou seus processos de digitalização para melhor se relacionarem com clientes e corretores. A evolução dos portfólios de produtos aconteceu mais fortemente a partir de 2020. Nesta disputa, ganha quem tiver o melhor relacionamento com o cliente, combinado com o portfólio mais completo, explica Jorge Pohlmann Nasser, vice-presidente da Fenaprevi e presidente da Bradesco Vida e Previdência.
O ranking da portabilidade da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostra que, em conjunto, XP, BTG e Icatu, levaram mais de R$ 20 bilhões dos clientes das mega seguradoras para dentro de suas casas de janeiro a setembro deste ano. Isso fez as líderes se mexerem.
Para se manter na liderança com seus 2,6 milhões de clientes e R$ 341,27 bilhões em PL, a Brasilprev está investindo em transformação digital e na utilização de dados para melhorar a comunicação com o cliente. Quando um consultor recebe uma ligação, consegue ver todo o caminho que o cliente já percorreu na plataforma, relata Ângela Assis, presidente da Brasilprev.
A empresa investiu R$ 200 milhões em três anos para desenvolver essa ferramenta tecnológica que, aliada a modelos preditivos, aumentou em 24% a retenção de clientes.
Outra aposta foi em canais de interação por meio das redes sociais. Nos últimos dois anos e meio registrou mais de 1,4 milhão de acessos utilizando o WhatsApp, onde tem mais de 565 mil usuários únicos. Para diversificar portfólio, lançamos 46 fundos multimercado nos últimos dois anos e temos 21 gestores parceiros, que oferecem 26 estratégias diferentes.
Vamos ampliar para 40 até 2023. Dos grandes, o Itaú foi um dos primeiros a abrirem a arquitetura de investimentos em previdência para distribuir produtos de terceiros e hoje possui 130 fundos de 42 gestores diferentes. Talvez isso explique ter ficado com saldo positivo de R$ 2 bilhões em portabilidade de janeiro a outubro deste ano.
Mas o resultado não foi suficiente para estancar os resgates feitos com outras finalidades, o que resultou em captação líquida zerada. Com uma carteira de R$ 125 bilhões em ativos, o banco prevê voltar a crescer em captação líquida em 2022, com melhora do cenário macroeconômico. Revertemos o cenário do ano passado e, neste ano, estamos mensalmente com portabilidade líquida positiva. No Itaú, nós não temos incentivos para produtos específicos. O foco é em assessoria financeira completa do bolso do cliente para curto, médio e longo prazos, diz Cláudio Sanches, diretor de investimentos e previdência do Itaú Unibanco.
Segundo ele, como o mercado vem mudando alocações a cada três ou quatro meses, ter prateleira com diferentes estratégias facilita retenção do cliente e fazer a portabilidade em casa.
Fonte: NULL