Maio tem fama ruim nos mercados financeiros
Maio começou fazendo jus à fama de ser um período difícil para os mercados. Com a sinalização de uma alta mais forte dos juros nos Estados Unidos e o temor de uma desaceleração econômica global, a chegada do mês resgatou novamente um dos ditados mais tradicionais do mundo financeiro: sell in May and go away (venda em maio e vá embora, em tradução livre).
Mas a crença, diferentemente do que parece, não diz respeito apenas ao mês de maio, mas ao período de seis meses compreendidos entre maio e outubro.
Muitos investidores acreditam que é melhor se desfazer de suas posições no mercado acionário em maio e se posicionar novamente apenas em outubro, após o verão no Hemisfério Norte, já que a liquidez dos mercados diminui sensivelmente nessa época.
Não há ciência nisso, mas quando se observam os dados históricos é possível ver que o intervalo de maio a outubro tem sido o mais fraco do ano para as ações em Wall Street.
Segundo cálculos da LPL Financial, uma das maiores corretoras independentes dos Estados Unidos, de 1950 até 2020, o índice S&P 500 ganhou 1,7% em média durante esses seis meses, em comparação com 7,1% durante o período de novembro a abril. De todas as combinações de seis meses, o período de maio a outubro produziu o retorno médio mais fraco e menos positivo, explica o estrategista-chefe de mercados da instituição, Ryan Detrick.
Isso não significa que maio seja necessariamente ruim. O estrategista observa que, nos últimos nove anos, o S&P 500 fechou maio com retornos positivos em oito vezes. Então, vender em junho pode ser mais apropriado, afirma. Segundo Detrick, a fama do sell in May é propagada pela mídia e, embora os dados mostrem que esse mês costuma ser fraco, ele ainda apresenta retorno positivo. Portanto, ir embora totalmente não é sábio. Desde a crise financeira de 2008, o S&P 500 encerrou maio com retornos positivos em dez ocasiões e apenas quatro vezes em queda. É verdade, no entanto, que as quedas foram expressivas: em três delas, o tombo foi superior a 6% (2010, 2012 e 2019).
Fonte: NULL