Lucro dos bancos cai pela primeira vez em quatro anos
IVONE PORTES
da Folha Online
Pela primeira vez em quatro anos os bancos registram queda no lucro líquido. Segundo levantamento da consultoria Economática, o lucro dos quatro maiores bancos brasileiros que têm ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo –Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Unibanco– somou R$ 12,35 bilhões nos nove primeiros meses deste ano.
Esse resultado é 2,17% inferior ao de igual período do ano passado. A queda foi causada, basicamente, por amortizações de ágios nos balanços dos três bancos privados. O cálculo da Economática leva em conta dados ajustados pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, do IBGE).
O ágio é a diferença entre o valor nominal de um bem e o que é efetivamente pago por quem o adquire. No caso dos bancos, quando uma instituição financeira compra outra, o montante a ser pago pelo negócio é calculado levando também em consideração os retornos futuros que a carteira de clientes poderá proporcionar.
Esse ágio pode ser contabilizado como uma despesa no balanço financeiro da empresa que fez a aquisição, o que reduz o seu lucro tributável.
Dos quatro maiores bancos do país, apenas o Banco do Brasil apresentou crescimento no lucro dos primeiros nove meses do ano, de 40,4% sobre igual período de 2005, para R$ 4,8 bilhões.
O Bradesco acumulou ganho de R$ 3,351 bilhões no período, uma queda de 17,3% sobre igual intervalo de 2005. Nesta mesma comparação, o resultado do Itaú caiu 20,8%, para R$ 3,029 bilhões, e o do Unibanco recuou 11,66%, para R$ 1,174 bilhão. Desconsiderando as amortizações de ágios, os lucros dos três bancos registram aumentos no período.
Einar Rivero, gerente de relações institucionais na Economática, avalia que a queda nos lucros dos três bancos privados é pontual e não indica uma tendência para o futuro.
Ele destacou o resultado da intermediação financeira –tudo que os bancos ganham com suas atividades operacionais típicas–, que avançou nas quatro instituições. Levando em conta os quatro bancos, o crescimento foi de 24,14% sobre setembro de 2005, para R$ 90,9 bilhões.
Para Rivero, mais preocupante do que a queda no lucro dos bancos foi o aumento do provisionamento para créditos de liquidação duvidosa, que quase dobrou nos nove primeiros meses deste ano em relação a igual período de 2005. O provisionamento dos quatro bancos passou de R$ 8,488 bilhões para R$ 15,066 bilhões, incremento de 77,5% no período.
Essa expansão na provisão, segundo Rivero, é reflexo basicamente do aumento da carteira de crédito das quatro instituições financeiras, que na média subiu mais de 20% de janeiro a setembro sobre o mesmo intervalo do ano anterior.
Fonte: Folha de São Paulo
