Mercado de Seguros

Lucro das seguradoras avançou 16% até junho

O setor de seguros manteve trajetória de crescimento no primeiro semestre de 2025, registrando lucro líquido consolidado de R$ 16,5 bilhões, alta de 16% em relação ao mesmo período de 2024, quando o resultado havia sido de R$ 14,2 bilhões, segundo levantamento da Siscorp com base em dados da Susep, que excluem saúde. A expansão reflete, sobretudo, ganhos de escala dos grandes conglomerados financeiros, melhora dos índices técnicos e um ambiente de menor volatilidade em algumas carteiras de risco.

Na liderança do ranking, houve troca de posições entre os dois maiores grupos do mercado. O Banco do Brasil assumiu a dianteira com R$ 3,2 bilhões de lucro até junho, avanço de 26% sobre 2024. O Bradesco, que havia liderado no ano anterior, caiu para a segunda posição, com R$ 2,4 bilhões, queda de 12%. Embora a metodologia da Siscorp considere apenas as operações supervisionadas pela Susep, é importante destacar que, no consolidado geral do setor, incluindo a área de saúde, fiscalizada pela ANS, o grupo Bradesco Seguros mantém a liderança. A companhia registrou um lucro líquido de R$ 4,737 bilhões no primeiro semestre de 2025, alta de 14,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo balanço divulgado em 30 de julho.

A Caixa Econômica Federal manteve a terceira colocação, com R$ 2,05 bilhões (+23%), seguida por Itaú Unibanco (R$ 1,26 bilhão, +18%). Entre os grupos estrangeiros, destaque para a SulAmérica, que subiu do oitavo lugar em 2024 para a quinta posição, com lucro de R$ 852 milhões – crescimento expressivo de 74%.

O ranking também mostrou movimentações importantes. A Porto Seguro e a Tokio Marine mantiveram posições de destaque na disputa pela sexta colocação. A Porto alcançou R$ 832 milhões de lucro no semestre, enquanto a Tokio registrou R$ 792 milhões. Como o avanço de SulAmérica, Porto, Tokio, a Prudential, que havia ocupado a quinta posição em 2024, com R$ 792 milhões, caiu para a oitava em 2025, com lucro de R$ 757 milhões, retração de 4%.

Outro destaque foi o desempenho do Zurich, que praticamente dobrou seu lucro, saindo de R$ 347 milhões em 2024 para R$ 520 milhões em 2025, subindo uma posição no ranking. Já a Seguros Unimed apresentou avanço expressivo, passando do 14º para o 12º lugar, com R$ 385 milhões (+96%), e a Icatu também melhorou sua colocação, alcançando o 13º posto com R$ 340 milhões (+3%).

Na parte inferior da lista, algumas companhias ainda enfrentam desafios. A Starr Seguros, que havia registrado prejuízo em 2024 (-R$ 3,1 milhões), reverteu o resultado e apresentou lucro de R$ 20 milhões em 2025. Já a AXA, que havia lucrado R$ 10 milhões no ano anterior, voltou ao vermelho, com prejuízo de R$ 8,5 milhões.

O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) médio das 50 maiores seguradoras passou de 25% em 2024 para 28% em 2025, evidenciando melhora na rentabilidade. Destaque para Banco do Brasil, com ROE de 88%, e para a XP Vida e Previdência, que, embora ainda em posição intermediária, mostrou um dos maiores avanços percentuais, com ROE de 41%.

Analistas apontam que a tendência para o segundo semestre é de continuidade do movimento de expansão, mas em ritmo mais moderado, diante das incertezas macroeconômicas, da concorrência crescente em produtos de vida e previdência e dos impactos regulatórios do novo marco legal dos seguros, que entra em vigor em dezembro. Também influencia no crescimento de arrecadação a tributação do IOF sobre o VGBL.

Segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), a captação líquida – resultado dos aportes menos os resgates – foi negativa em R$ 3,1 bilhões. O resultado é 170,8% abaixo do registrado em junho de 2024, ou seja, R$ 7,5 bilhões a menos. Os prêmios e contribuições totalizaram R$ 8,2 bilhões, queda de 44,9% frente ao mesmo mês de 2024, ao passo que os resgates subiram 7,6%, com R$ 11,4 bilhões.

O presidente da Fenaprevi, Edson Franco, afirma que a cobrança de IOF no VGBL interrompeu o fluxo de novas contribuições, em razão da instabilidade regulatória e da insegurança gerada por decretos sucessivos e suas repercussões no Legislativo e no Judiciário, o que trouxe grandes desafios operacionais para as empresas do setor.

“A Fenaprevi segue convicta de que o IOF no VGBL deveria ser revogado e o produto incentivado por ser o instrumento de proteção previdenciária mais inclusivo do mercado ao atender a todas as modalidades de emprego, principalmente considerando o contexto demográfico, de envelhecimento da população, as novas relações do mercado de trabalho e os desafios do sistema de previdência pública”, pontua Franco. Vale lembrar que o setor administra R$ 1,7 trilhão em ativos, fruto do esforço contínuo das mais de 11 milhões de pessoas que buscam a proteção de longo prazo.

A CNseg, confederação das seguradoras, ainda não divulgou uma nova projeção do crescimento do setor para 2025. Antes da tributação do VGBL, que é a maior carteira de arrecadação do setor (sem considerar saúde), a expectativa era de avanço de 10% para o ano, impulsionado por um cenário económico com inflação sob controlo e avanços no varejo e na indústria. Entre as prioridades da CNseg estão a preparação para o novo Marco Legal dos Seguros, o acompanhamento da regulamentação da reforma tributária e iniciativas para a agenda climática, como o Seguro Social de Catástrofe e a participação na COP30 em Belém.

De qualquer forma, o resultado geral do setor mostra a solidez e a capacidade de adaptação das seguradoras brasileiras a pressão regulatória e macroeconômica do país, mas também revela concentração crescente nos grandes grupos financeiros, que detêm as maiores fatias de lucro do setor, segundo análise do relatório da Siscorp. “Se comparado com o volume de vendas, a curva do lucro está em outra direção, sinalizando melhoria nos processos e aumento de preço para garantir a margem”, comenta Dawson Henriques, sócio diretor da Siscorp.

O levantamento também evidencia uma diferença estrutural entre bancos e seguradoras independentes. Enquanto os conglomerados financeiros — caso de Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Caixa — concentram os maiores volumes absolutos de lucro e apresentam retornos robustos, sustentados pela diversificação em previdência e canais bancários de distribuição, grupos independentes como SulAmérica, Porto Seguro, Tokio Marine e Prudential vêm ganhando terreno pela eficiência operacional e capacidade de adaptação a novos nichos. Essa dinâmica reforça a concentração do mercado, mas também revela espaço para estratégias diferenciadas de crescimento fora do eixo bancário.

Fonte: Sonho Seguro – Denise Bueno

Falar agora
Olá 👋
Como podemos ajudá-la(o)?