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Lucro das estatais cresce quase 2.000%

No primeiro trimestre do ano as empresas estatais de grande porte registraram lucro de R$ 10,48 bilhões. Isso representou aumento de 1.997,8% sobre os R$ 500 milhões de resultado líquido apresentado pelos grupos Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, BNDES e Caixa em igual período do ano passado. Esses conglomerados respondem por 95% do patrimônio líquido e dos ativos das 154 empresas estatais existentes.

“Não viramos o jogo ainda, mas estamos virando”, disse Fernando Soares, chefe da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) do Ministério do Planejamento.

Essas companhias foram usadas à exaustão pelo governo anterior, no âmbito de uma política anticíclica, para produzir crescimento econômico – mediante a expansão do crédito pelos bancos federais – e como instrumento de controle da inflação, com o congelamento de preços de insumos, como combustíveis. Só o grupo Petrobras registrou, em 2015, prejuízo de R$ 35,2 bilhões, além de outros R$ 15 bilhões em prejuízos apurados pela Eletrobras.

No primeiro trimestre de 2016 a Petrobras teve prejuízo de R$ 381 milhões, resultado que se transformou em lucro de R$ 4,8 bilhões no primeiro trimestre deste ano, variação de 1.361,7%. Este foi o caso mais notável. É importante lembrar que o processo de saneamento das empresas e dos bancos federais teve início com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no segundo mandato de Dilma Rousseff, com o choque tarifário.

A Eletrobras também saiu de um prejuízo de R$ 3,894 bilhões para resultado líquido positivo de R$ 1,37 bilhão, variação, portanto, de 135,4% no primeiro trimestre deste ano face a idêntico período de 2016. O lucro do grupo Caixa aumentou 81,8%, passando de R$ 808 milhões para R$ 1,488 bilhão. E o do Banco do Brasil foi de R$ 2,443 bilhões, 3,56% a mais do que no ano passado.

No BNDES a situação foi inversa: saiu de um lucro de R$ 1,59 bilhão no primeiro trimestre de 2016 para R$ 373 milhões este ano, com queda de 76,7% no resultado. Segundo Soares, isso se explica pela constituição de provisão de R$ 2,3 bilhões para crédito de liquidação duvidosa, 225% a mais do que no exercício anterior, além de efeitos da variação cambial decorrente da liquidação antecipada de dívidas em dólar. Empresas que tomaram financiamentos junto ao banco e entraram em dificuldades em meio à crise econômica, política e as investigações da Lava Jato, tiveram suas classificações de riscos redimensionadas.

A Sest acertou com o BNDES que o limite para a distribuição de dividendos é de 60% do lucro líquido. Essa foi uma fonte de receitas amplamente usada para encorpar recursos do Tesouro Nacional no governo passado. As demais empresas também terão um teto.

O BNDESpar, ao contrário, saiu de um prejuízo de R$ 1,844 bilhão para um resultado positivo de R$ 1,241 bilhão. Boa parte dessa performance decorreu da venda de ações da Petrobras e da Rumo Logística. O BNDESpar tem uma carteira de ações de mais de R$ 60 bilhões e a nova política, segundo Soares, é centrar sua atuação onde houver falhas de mercado. As participações em projetos maduros, onde não há mais impacto social, portanto, deverão ser vendidas ao longo do tempo.

A política de ajuste e desinvestimentos dos grandes grupos estatais começou em 2015, quando o endividamento chegou à cifra recorde de R$ 544 bilhões, saindo de R$ 142 bilhoes em 2009, fortemente concentrado na Petrobras e na Eletrobras.

Entre 2009 e 2014 o número de funcionários passou de 432,8 mil para 556 mil, com aumento de 123 mil postos de trabalho nas empresas federais. A partir de 2015 deu-se início a uma série de programas de demissões voluntárias e vagas abertas por aposentadorias ficaram congeladas, representando um enxugamento de cerca de 25 mil empregos até o ano passado. Os reajustes salariais também foram contidos.

Em meio a uma crise política sem precedentes, são raras as notícias positivas. “Há muito trabalho a ser feito”, adianta Soares. Até aqui houve cortes de custos, melhoria da eficiência e planos de desinvestimentos que levarão as estatais a se concentrarem nos seus principais negócios.

Fonte: Valor

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