Juro do cartão fica estável em julho, mas mantém maior taxa desde 1995
As taxas de juros das operações de crédito voltaram a subir em julho, completando 22 meses seguidos de elevações, segundo levantamento divulgado nesta segunda-feira (8) pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).
Das seis linhas de crédito pesquisadas, três tiveram suas taxas de juros elevadas no mês (cheque especial, CDC-bancos financiamento de automóveis e empréstimo pessoal – financeiras), uma manteve a taxa (cartão de crédito rotativo) e duas tiveram reduções (juros do comércio e empréstimo pessoal – bancos).
No cartão de crédito, os juros ficaram estáveis em relação a junho e foram de 447,44% ao ano (15,22% ao mês) em julho. Trata-se da maior taxa desde outubro de 1995, quando estava em 459,53% ao ano e 15,43% ao mês.
No cheque especial, os juros foram de 293,79% ao ano (12,1% ao mês) em julho, ante 286,27% em junho (11,92% ao mês). Trata-se da maior desde março de 1999, quando estava em 13,3% ao mês e 347,46% ao ano.
No empréstimo pessoal em bancos, os juros foram de 71,35% ao ano (4,59% ao mês) em julho, ante 72,14% em junho (4,63% ao mês). Trata-se da maior taxa desde março de 2016, quando estava em 4,58% ao mês e 71,15% ao ano.
A taxa de juros média para pessoa física subiu de 8,06% ao mês em junho (153,5% ao ano) para 8,09% ao mês em julho (154,35% ao ano). Esse é o maior valor desde setembro de 2003, segundo a Anefac, quando foi de 8,13% ao mês e 155,48% ao ano.
Pessoa jurídica
Das três linhas de crédito pesquisadas para pessoa jurídica, todas subiram em julho, segundo a Anefac. A taxa de juros média geral para pessoa jurídica passou de 4,63% ao mês (72,14% ao ano) em junho para 4,72% ao mês (73,92% ao ano) em julho – a maior taxa de juros desde agosto de 2003 (4,86% ao mês e 76,73% ao ano).
Fatores
Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos da Anefac, as elevações podem ser atribuídas ao cenário econômico que aumenta o risco do crescimento nos índices de inadimplência. Os índices de inflação mais elevados, aumento de impostos e juros maiores reduzem a renda das famílias. E a recessão econômica deve levar ao crescimento dos índices de desemprego.
“Tudo isso somado, e o fato de que as expectativas para 2016 serem igualmente negativas quanto a todos esses fatores, levam as instituições financeiras a aumentar suas taxas de juros para compensar prováveis perdas com a elevação da inadimplência, diz.
Segundo Oliveira, como existe a expectativa de que o Banco Central possa vir a reduzir a taxa básica de juros (Selic) nos próximos meses, isso pode ajudar na redução das taxas de juros das operações de crédito.
Fonte: G1