Jornada dupla, em casa e no escritório, leva mulher a apresentar mais estresse
Não é à toa que a maioria das mulheres procura alternativas que conciliem o lado pessoal e o profissional quando atingem os 40 anos. Estudo realizado pela Med-Rio Check-up, empresa especializada em exames de rotina, mostra que a dupla jornada de trabalho tem deixado as executivas brasileiras mais estressadas do que os homens.
Ao acumular inúmeras responsabilidades no dia-a-dia, como cuidar da casa, do marido, dos filhos e ter preocupações com o desenvolvimento profissional, as mulheres vêm sentindo com mais impacto os efeitos da sobrecarga de atividades e as pressões do ambiente corporativo competitivo.
Prova disso é que, do total de cinco mil executivas entrevistadas, 60% apresentaram altos índices de estresse – quase o dobro dos homens -, que contribuíram para o aumento de problemas relacionados a ele.
A insônia, por exemplo, atinge 40% dessas profissionais, enquanto 40% tiveram taxas de colesterol e triglicérides mais elevadas do que o normal. O levantamento ouviu mulheres entre 30 e 60 anos, das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
`O estresse crônico aliado ao estilo de vida inadequado favorecem o desenvolvimento de várias doenças`, alerta Gilberto Urutahy, diretor médico da Med-Rio Check-up.
Outro dado preocupante refere-se à auto-medicação. De acordo com a pesquisa, 20% das entrevistadas disseram fazer uso de moderadores de apetite, analgésicos, hipnóticos, vitaminas e remédios para combater a ansiedade. `Pela própria formação, as mulheres encontram dificuldade em conviver com as pressões`, analisa o médico.
Um dos resultados desse fato é que as executivas atualmente estão fumando mais do que há 16 anos e passaram a ingerir uma quantidade maior de bebida alcóolica.
Somado a isso, os problemas de coração passaram a ser um fantasma para a executiva do mundo moderno, deixando de ser uma preocupação restrita apenas ao universo masculino.
A boa notícia é que as mulheres, em contrapartida, começaram a ter uma vida menos sedentária e hábitos mais saudáveis. `Essa evolução acontece exatamente porque o culto ao corpo se tornou prioridade na vida delas`, afirma Urutahy. `Com isso, boa parte freqüenta academias de ginástica e abandonou a cultura de comer qualquer coisa`.
Para Caio Soares, gerente de medicina preventiva da Omint, operadora de planos de saúde voltados às classes A e B, tanto as profissionais quanto as empresas vêm acordando para essas questões. Um levantamento feito pela empresa com 3,6 mil associados mostrou que 43% das pessoas pensam em reverter esse quadro.
`As mulheres não estão acostumadas a lidar com esses problemas, enquanto os homens desde cedo são preparados a lidar com ambientes de competição`.
Fonte: Valor