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Itaú é menos otimista que rivais com retomada do crédito em 2017

Depois de atravessar 2016 com redução de mais de 10% nos empréstimos, o Itaú Unibanco estima que este ano poderá ser de novas restrições ao crédito, projeção mais conservadora que a de seus concorrentes.

O lucro do maior banco privado do país cresceu no último trimestre de 2016 apoiado na redução da inadimplência e também na menor necessidade de reservar dinheiro para cobrir possíveis calotes.

A alta foi de 4% ante o terceiro trimestre, para R$ 5,8 bilhões, e de 1,8% sobre o quarto trimestre de 2015. O resultado ficou acima do esperado, e as ações do banco subiram mais de 3% nesta terça (7).

“Acho que a boa notícia é que a gente termina o ano [de 2016] com inadimplência mais baixa. Ela se reduziu em todos o segmentos e é uma tendência. Certamente o grande impacto de 2016 foi o aumento das provisões para perda de crédito, que deve reduzir em 2017”, afirmou o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal.

Os sinais de menor risco para concessão de crédito, no entanto, não chegaram às expectativas para os empréstimos, que podem cair ou ter alta de 2% neste ano.

Algum avanço deve ocorrer nas linhas para pessoa física, com destaque para em- préstimos consignados e para compra de veículos. Será “de forma sólida, mas lenta”, disse o banqueiro.

Na semana passada, o Bradesco informou que espera de estabilidade a alta de 5% nos empréstimos, percentu- al um pouco acima da inflação projetada de 4,7%.

O Santander não divulga metas (“guidance”). O presidente da instituição, Sérgio Rial, sinalizou que o banco planeja acompanhar o crescimento de mercado, de 5%.

O banco espanhol já mostra maior disposição a retomar os empréstimos, com expansão de sua carteira no final do ano passado.

Em relatório, o Goldman Sachs considerou as perspectivas do Itaú para 2017 conservadoras.

Luis Miguel Santacreu, da Austin Ratings, considera que a projeção do banco está alinhada com as incertezas do país. O cenário político, com as delações na Operação Lava Jato, ainda pode inibir investimentos, diz.

“Até a redução dos juros se traduzir em demanda de crédito, será preciso passar por um problema que existe antes, que é a alavancagem. Empresas e famílias ainda estão endividadas”, acrescenta.

Em entrevista, Setúbal afirmou que o crescimento esperado para a economia neste ano, de 1%, é representativo sobre a retração de 3,5%.

“Estamos cautelosamente otimistas para 2017, que pode até surpreender positivamente”, disse Setúbal.

“SPREAD”

O conservadorismo nas novas operações de crédito ocorre em um momento que o governo pressiona por redução no “spread” bancário (diferença entre o custo de captação e juros cobrados nos empréstimos).

Setúbal afirmou que os bancos estão dispostos a conversar, mas apontou que o custo do crédito depende da taxa básica de juros, de risco de inadimplência, impostos e compulsórios.

A Selic caiu de 14,25% para 13%, em três cortes promovidos pelo Banco Central.

As projeções apontam que ela poderá ficar abaixo de 10% neste ano, mas bancos indicam que a redução no custo do crédito será lenta.

“O “spread” tem que cobrir a inadimplência como o prêmio do seguro cobre o roubo do carro”, disse Setúbal.

Fonte: Folha de São Paulo

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