IRB diversifica atuação e dá aulas sobre o resseguro
O IRB-Brasil Re não faz mais só resseguro. Monopolista do mercado brasileiro por 69 anos, o IRB começa agora a diversificar as atividades para se adaptar à abertura do setor a novos competidores estrangeiros, que começou a vigorar em abril. Além de participar de contratos gigantescos de aviões, navios, fábricas e plataformas de petróleo, o IRB também se transformou em uma escola ambulante para ensinar as técnicas do mercado para as seguradoras e ainda dá consultoria sobre o setor.
A estratégia de dar cursos começou há poucas semanas em dois segmentos, primeiro o seguro de pessoas e agora o seguro garantia. SulAmérica, Caixa Seguros e Mongeral estão entre as companhias que assistiram as aulas. A Allianz e a seguradora do Banco Safra já pediram o treinamento, que é dado dentro da própria companhia pelos técnicos do IRB.
O principal objetivo é ajudar as seguradoras a qualificar e avaliar melhor os riscos, diz Daniel Veiga, gerente de riscos financeiros do IRB. Com isso, a companhia consegue uma melhor cotação e o ressegurador consegue evitar problemas futuros por causa de riscos mal avaliados.
No mercado fechado, havia uma padronização e o IRB tratava todas as companhias de forma igual. As seguradoras praticamente transferiam para o IRB a análise de cada contrato e pouco se preocupavam com a área técnica. Agora, com novos competidores, a estratégia muda e o tratamento passa a ser caso-a-caso.
O seguro de pessoas é uma modalidade no Brasil que demanda pouco resseguro, ao contrário de grandes apólices, como um seguro de uma indústria ou de uma aeronave, que por causa do tamanho do seguro, sempre precisa ser ressegurada para dividir os riscos. Com a abertura do mercado, porém, a expectativa é que esse nicho, que inclui seguro de vida, acidentes pessoais, previdência e de proteção financeira passe a demandar mais resseguro, como acontece no mercado europeu e americano. A RGA, terceira maior resseguradora do ramo vida do mundo, é uma das gigantes que vai operar no Brasil.
Segundo Alessandra Monteiro, consultora de riscos pessoais e uma das professoras dos cursos do IRB, o seguro de vida em média no Brasil é de R$ 300 mil, mas no mercado aberto, já é possível criar novos produtos, coberturas e serviços para o segmento. “Já que agora a seguradora vai ter opção de escolha da resseguradora, produtos e serviços ganham espaço.” Já foram quatro cursos de riscos pessoais. “A estratégia é uma maior personalização.”
Um dos serviços é o banco de dados do próprio IRB, que fica à disposição da seguradora cliente. Com o monopólio do setor por quase 70 anos, o IRB conhece como poucos o mercado brasileiro. A Superintendência de Seguros Privados (Susep), que agora regula o mercado de resseguro, exige que a seguradora comprove que o preço da apólice está dentro da realidade brasileira. O banco de dados do IRB pode ser útil nesse ponto.
A outra área que o IRB começou a dar uma tratamento diferenciado para as seguradoras é a de seguro garantia. O segmento é um dos que mais procura resseguro (mais de 90% do risco é repassado para resseguradoras). Em 2007, o setor cresceu 70%, por causa das obras de infra-estrutura, construção civil e concessões (telefonia e rodoviária). Este ano, a expectativa é que o mercado dobre de tamanho. A Caixa Seguros foi a primeira a fazer o curso.
Fonte: Valor