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IRB busca a profissionalização

Mudanças internas se antecipam à possibilidade de abertura do mercado. Com o provável fim do monopólio no mercado brasileiro de resseguros, a estatal IRB Brasil RE já está implementando mudanças que visam o ganho de eficiência, condição fundamental para a sobrevivência em um cenário de competição.
Entre as principais medidas em andamento está a adoção de conceitos de governança corporativa, como a contratação de uma agência de avaliação de risco, e a implantação de uma gerência de controladoria, além da adequação a parâmetros internacionais de crédito e risco, como o acordo de Basiléia.
Caso o projeto de lei que trata da abertura do segmento de resseguro (distribuição parcial dos riscos assumidos pelas seguradoras) seja aprovado pelo Congresso Nacional, o IRB provavelmente vai enfrentar a concorrência de multinacionais como Mapfre RE, Partner RE, Swiss RE e Transamerica RE, entre outras, que já sinalizaram interesse pelo Brasil.
`Desde 2002, quando as discussões políticas sobre eventual privatização e abertura do mercado recomeçaram, nós iniciamos um processo de preparação interna, que está se intensificando nos últimos meses`, informa o gerente de estratégia do IRB, Sebastião Pena.
A privatização está descartada, pelo menos por enquanto. Segundo a proposta de lei que está em tramitação, o monopólio será quebrado e o IRB vai atuar como mais um competidor, sem privilégios.
A única vantagem – para o IRB e para quem se estabelecer no País – será uma reserva de mercado de 60%, por um período de dois anos, e de 40% nos dois anos seguintes. O objetivo é estimular a entrada de empresas internacionais, já que quem operar de fora terá que usar a cota restante.
O IRB trabalha com a possibilidade de o projeto ser aprovado no início do próximo governo, o que, na prática, culminaria na abertura efetiva apenas em 2008, já que a lei só entrará em vigor um ano após sua aprovação. Enquanto isso, a estatal implementa mudanças internas e ajuda na preparação do mercado. `No ano passado, por exemplo, autorizamos as seguradoras, nos riscos facultativos, a cotar resseguro no exterior. O fechamento do negócio ainda é feito por nós, mas essa é uma forma de as empresas começarem a se habituar ao que será o novo cenário`, diz Pena.
Antes mesmo da abertura, na opinião do executivo do IRB, poderá ser regulamentada a atividade dos intermediários (brokers). `As seguradoras fariam a intermediação da parte do risco que for retida pelo IRB. Essa seria mais uma forma de preparação do mercado.`
Competição
Agilidade, redução de custos e lançamentos de produtos mais sofisticados são os principais reflexos esperados com o fim do monopólio. `Hoje, temos no Brasil muitos produtos básicos, cuja necessidade de resseguro é baixa. Com a abertura, seguros mais sofisticados, como os agrícolas e os industriais, devem ganhar fôlego`, avalia o diretor de assuntos institucionais da Fenaseg (Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização), Ricardo Xavier.
Opinião semelhante tem o diretor corporativo da espanhola Mapfre RE, Ramón Aymerich, que na semana passada visitou o Brasil. `Um maior espectro de ramos e riscos poderá ser acessado, beneficiando o equilíbrio e o relacionamento de longo prazo. O estreitamento das relações e o intercâmbio entre o mercado local e o internacional permitirão o desenvolvimento de novas idéias e coberturas`, disse.
De acordo com Aymerich, após a abertura haverá a necessidade de um incremento na estrutura local da Mapfre RE, que hoje se resume a um escritório de representação. `Esperamos atuar no Brasil da mesma maneira que em outros países, avaliando as oportunidades, disponibilizando serviços e coberturas e comprometendo-nos com o mercado local.`
Para o consultor Luiz Roberto Latini, sócio da G5 Solutions, especializada em seguros, todos os produtos de sucesso no exterior poderão ser trazidos para o País com mais facilidade e agilidade.
O IRB, por sua vez, informa que nunca colocou obstáculos para a implantação de novas modalidades. `Se nós não temos interesse em assumir determinado risco, sempre abrimos para as resseguradoras estrangeiras`, conta o gerente de estratégia da estatal.
(Gazeta Mercantil/Relatório – Pág. 4) (Luis Fernando Klava)

Fonte: Gazeta Mercantil

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