EconomiaNotícias

Ipea destaca importância de exportação sustentável

Um novo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), lançado este mês pelo Grupo de Estudos de Conjuntura (Gecon), trata da vulnerabilidade externa do País, identificando as exportações como o caminho natural para mitigá-la. Contudo, “A Nota Técnica Reavaliando a Vulnerabilidade Externa da Economia Brasileira: indicadores e simulações” conclui que, apesar da recente retomada conjuntural das exportações, o Brasil ainda poderá enfrentar dificuldade para compatibilizar períodos mais longos de crescimento econômico com o equilíbrio das contas externas, especialmente em virtude do baixo dinamismo estrutural das exportações de bens manufaturados.

Segundo o estudo, as dificuldades são influenciadas por fatores como o grau de abertura da economia, o desempenho da produtividade e o nível de poupança doméstica, que é muito baixo. O texto mostra ainda que o País vive uma situação de baixa vulnerabilidade externa no curto prazo, mas está longe de alcançar o objetivo mais importante: reduzir a vulnerabilidade externa de maneira mais perene e estrutural.

O estudo enfatiza, portanto, a necessidade de desenvolver esforços em duas direções, com o intuito de viabilizar um crescimento mais acelerado das exportações: elevação de investimentos para aumentar a capacidade produtiva de bens comercializáveis, o que implica também esforços de aumento da poupança doméstica para financiar esse investimento; e medidas de cunho macro e microeconômico visando ganhos de produtividade e competitividade que permitam ao país ganhar espaço nos mercados internacionais de bens industriais.

Somente assim seria possível suavizar os ciclos de expansão e retração do saldo em transações correntes e tornar sua trajetória (e, consequentemente, também a do passivo externo líquido) mais equilibrada e compatível com a sustentação de uma taxa de crescimento razoável do PIB no médio e no longo prazo. Indicadores e simulações

A Nota Técnica da Carta de Conjuntura resume os resultados encontrados em dois trabalhos publicados pelo Ipea (também nesta quinta-feira, dia 11/08), que se dedicam a analisar a questão da vulnerabilidade externa com base em duas vertentes: indicadores de vulnerabilidade externa para o Brasil; e os resultados de exercícios de simulação da trajetória do saldo em transações correntes e do passivo externo líquido para os próximos 15 anos, enfatizando a relação entre duas das variáveis cruciais para determinar essas trajetórias: o crescimento real do PIB e das exportações de bens.

São feitas simulações alternativas com o intuito de identificar diferentes combinações possíveis de crescimento do PIB e das exportações que produzem uma trajetória de estabilização da relação passivo externo líquido/PIB e, portanto, a solvência externa do país dentro de 15 anos, que são chamadas de “combinações de equilíbrio”. Identifica-se uma relação aproximadamente linear entre PIB e exportações “de equilíbrio”, tal que uma variação de 0,5 ponto percentual no crescimento do PIB implica uma variação de aproximadamente 1,4 ponto percentual no crescimento das exportações.

A experiência brasileira das últimas décadas sugere ser possível alcançar um crescimento das exportações (em quantum) da ordem de 6% a.a., ou até um pouco mais, o que seria compatível com um PIB crescendo um pouco acima de 2,5% a.a. (mas não próximo de 3%). Entretanto, caso a desaceleração do ritmo de crescimento do comércio mundial em relação à tendência predominante nas últimas décadas se consolide no futuro, será mais difícil para o Brasil replicar o crescimento das exportações verificado nas últimas décadas. O esforço seria ainda maior diante de um eventual aumento das elasticidades das importações de bens e serviços em relação ao PIB. Em contrapartida, mudanças expressivas na taxa de crescimento das exportações de serviços ou mudanças nas taxas de remuneração dos ativos e passivos externos teriam pequeno efeito sobre as combinações de equilíbrio entre PIB e exportações de bens.

Fonte: CNSEG

Falar agora
Olá 👋
Como podemos ajudá-la(o)?