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Investimento Cresce Entre as Pequenas Empresas

Enquanto as grandes empresas ainda demonstram parcimônia no desenvolvimento de seus planos de investimento, as pequenas e médias empresas aproveitam o avanço do consumo no país para ampliar seus negócios. O aumento do emprego e da renda nos últimos meses, que deu a muitos brasileiros a oportunidade de comprar produtos e serviços antes inacessíveis, incentivou os pequenos empreendedores a buscar crédito tanto para abrir um novo estabelecimento como para desenvolver a empresa já em funcionamento.Foi a confiança no fortalecimento da economia brasileira que levou César Augusto Brito Pereira a abandonar os 12 anos de carreira na Brasilprev, empresa de previdência complementar do Banco do Brasil, para se tornar dono de uma empresa. Com uma poupança e um crédito de R$ 170 mil do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ele abriu uma franquia da lavanderia Dry Clean no Panamby, um jovem bairro de classe média alta em São Paulo. Os recursos foram suficientes para garantir a compra do ponto, das máquinas e do carro de entregas da empresa.
Percebi que com a melhora da economia as pessoas passaram a gastar mais com serviços. Elas preferem levar a roupa a uma lavanderia e ganhar tempo no fim de semana para o lazer, diz Pereira. O aumento da renda, o baixo desemprego e a facilidade de crédito estão mudando o comportamento dos brasileiros. Hoje é possível fazer planos para o futuro, o que não acontecia há dez anos, observa o empresário, ressaltando que mesmo com poucos meses seu negócio já lhe confere um retorno acima do previsto. A expectativa era de reaver o investimento em 36 meses, mas creio que vou conseguir isso com 24 meses ou um pouco mais.
Assim como Pereira, milhares de pequenos empreendedores buscaram as agências de fomento com o desejo de obter recursos para investir na própria empresa. Nos primeiros oito meses deste ano, os desembolsos da Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP) para as pequenas e médias empresas somaram R$ 202,9 milhões, mais que o dobro de igual período de 2011.
Movimento semelhante foi visto no Banco do Povo Paulista, voltado para microempreendedores, onde os empréstimos cresceram 92,2% entre janeiro e julho, na comparação com o mesmo período do ano passado, com os financiamentos passando de R$ 52,6 milhões para R$ 108 milhões. Além do aumento de 41% no número de transações no período, que chegou a 23,6 mil, houve elevação também do valor médio dos empréstimos, que passou de R$ 3,9 mil para R$ 5,3 mil. No BNDES, a expectativa é de aumento de cerca de 15% nos empréstimos às micro, pequenas e médias empresas neste ano sobre o montante financiado no ano passado, que já foi 16,8% maior que o liberado em 2010.
Os empresários que têm como foco o mercado interno não estão tendo problemas como aqueles que atuam com exportações. O aumento da massa salarial tem sustentado os negócios, principalmente em serviços, observa o presidente da Desenvolve SP, Milton Luiz de Melo Santos. No ano passado, a massa salarial real cresceu 4,8%, após alta de 7,4% em 2010. Pelos cálculos da LCA Consultores, essa combinação de emprego e renda ainda apresentará um avanço acima da inflação de 5,9% neste ano e de mais 5,3% em 2013.
O modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil, calcado no consumo, afirma o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, favorece os pequenos negócios. Segundo ele, criou-se no país um quadro paradoxal, no qual as pequenas empresas se beneficiam da expansão da classe média, enquanto as grandes são mais afetadas pela fragilidade econômica mundial. A inclusão de 40 milhões de brasileiros no mercado consumidor na última década, destaca o diretor técnico do Sebrae, está permitindo crescimento de dois dígitos às pequenas empresas.
Em 2011, comenta o chefe do departamento de suporte e controle operacional da Área de Operações Indiretas do BNDES, Edson Moret, muitas empresas decidiram antecipar as compras de caminhões e utilitários devido às mudanças nas normas de emissão de gases para veículos movidos a diesel, que entraram em vigor no início desse ano. É por isso, diz ele, que há uma queda de 8,7% nos desembolsos da instituição às pequenas e médias empresas nos sete primeiros meses de 2012, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Se não fosse por essa distorção, veríamos crescimento nos empréstimos a pequenas e médias empresas. Mas até o fim do ano esse número ficará positivo. Nossa perspectiva é de aumento em torno de 15% nos financiamentos a estes segmentos em 2012.
Entre janeiro e julho, o BNDES liberou R$ 28,9 bilhões às pequenas e médias empresas. Embora o valor neste ano tenha sido inferior aos R$ 31,7 bilhões concedidos no mesmo período de 2011, a quantidade de operações cresceu. Foram realizadas 553,8 mil transações nos sete primeiros meses deste ano, 23,6% a mais que as 448,1 mil operações efetuadas no mesmo intervalo de 2011. Para o BNDES, o acesso dos pequenos empresários a outros agentes, como os bancos comerciais, explica a menor demanda por crédito no banco.
Pelos dados do Banco Central, os financiamentos concedidos para a compra de bens por empresas de todos os portes somaram R$ 32,9 bilhões de janeiro a agosto deste ano, um crescimento de 17% frente aos R$ 28,2 bilhões registrados no mesmo período de 2011.
O menor custo de financiamento já está incentivando os empresários a investir mais. Percebemos uma melhora significativa nos nossos números entre julho e agosto, comenta Moret. A queda dos juros e a previsão de melhora da economia, observa o presidente da Desenvolve SP, criam uma expectativa positiva para o empresário, que é reforçada pela agenda de grandes eventos no país, como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
Aparentemente esse cenário já está se desenhando. Indicadores da Serasa Experian mostram que as pequenas e médias empresas estão expandindo a busca por financiamento, ao mesmo tempo em que apresentam maior saúde financeira. Em agosto, a demanda das médias empresas por crédito atingiu o maior patamar da série histórica iniciada em janeiro de 2007. Entre as micro e pequenas empresas, a busca por crédito no mês passado foi a maior dos últimos 12 meses. Paralelamente, a instituição mostra que a pontualidade de pagamento das micro e pequenas empresas chegou a 95,7% em agosto, o maior nível desde o início do levantamento, em janeiro de 2006.

Fonte: Valor

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