ING vende braço de seguros de Taiwan
O grupo financeiro holandês ING informou ontem que vai vender a unidade de seguro de vida de Taiwan, uma iniciativa que reduz sua exposição ao setor um dia depois de ter recebido injeção de capital dos contribuintes.
Uma grande empresa de serviços financeiros de Taiwan, a Fubon Financial Holding, pagará US$ 600 milhões em ações em títulos de dívida subordinada pela unidade, informou a ING, uma transação pela qual a ING terá uma participação de 5% na Fubon.
O anúncio chega após o governo holandês ter informado, no último domingo, que injetará EUR 10 bilhões, ou cerca de US$ 13,5 bilhões, na ING depois que a empresa se tornou a mais recente vítima da crise financeira global.
A injeção de capital, na forma de ações sem direito a voto, criará “uma forte salvaguarda para navegar o presente ambiente de mercado e econômico”, informou a ING. Não há prazo de vencimento para as ações, que pagam cupom de 8,5%, e a ING pode convertê-las em ações comuns ou recomprar as ações a um ágio.
Os executivos da ING passaram o fim de semana em conversas urgentes com o governo holandês e altos funcionários do banco central, preocupados com a perspectiva de o banco entrar em colapso quando a Bolsa abrisse hoje. As ações da ING caíram mais de 27% na sexta-feira em Amsterdã. A empresa previa registrar perda no terceiro trimestre de EUR 500 milhões (US$ 679 milhões) como resultado de US$ 2,16 bilhões em baixas contábeis.
A intervenção do governo na ING marca o mais recente esforço por parte de autoridades nacionais e internacionais para acalmar os investidores e impedir que os mercados de crédito restritos causem paralisação da atividade econômica. Os governos europeus anunciaram, na semana passada, pacotes de alívio nacional avaliados em bilhões de euros.
“Nossa posição de capital estava em linha com os níveis previamente pretendidos e as necessidades regulatórias”, disse o presidente e chairman da ING, Michel Tilmant, numa nota.
“No entanto, as condições de mercado mudaram radicalmente nas últimas semanas e geraram a crença, internacionalmente reconhecida, de que para seguir em frente nesse ambiente de mercado, as necessidades de capital para as insitituições financeiras devem ser mais elevadas”, disse Tilmant.O banco informou que a transação foi estruturada para evitar a diluição dos acionistas existentes. O governo holandês terá o direito de indicar dois membros para o conselho supervisor do grupo ING. O conselho vai rever a remuneração para os executivos do alto escalão “para colocá-la em linha com os novos padrões internacionais”, informou a empresa.
A ING tem grandes operações de banco comercial e seguros. Com US$ 457 bilhões em poupanças e depósitos de conta corrente no final do ano passado, é também um dos maiores bancos de varejo do mundo. A empresa informou que usará o novo capital para aumentar o patrimônio dos acionistas na unidade bancária em US$ 6,76 bilhões e reforçar o balanço da ING Seguros em US$ 2,7 bilhões. Os restantes US$ 4,05 bilhões serão usados para liquidar dívida. A ING informou que o dinheiro vai elevar sua relação de ações sem direito a voto para acima de 10%.
O grupo ING detém 36% da holding brasileira SulAmérica desde 2002. No entanto, a SulAmérica esclareceu em nota que não tem qualquer vínculo operacional ou financeiro de seguros ou resseguros com o grupo ING.
Fonte: Gazeta Mercantil