ING tem o 1º prejuízo da história
O conglomerado holandês de serviços financeiros ING Group confirmou ontem que registrou o primeiro prejuízo trimestral de sua história por causa da queda dos mercados de ações, o aumento dos spreads de crédito, a queda dos preços dos móveis e a falência de vários bancos. A instituição de Amsterdã disse que teve um prejuízo de 478 milhões no terceiro trimestre, comparado a um lucro de 2,31 bilhões no mesmo período do ano passado, quando foi beneficiado por um ganho de 455 milhões de euros resultante da venda de ações do ABN AMRO que o banco tinha.
O diretor-presidente Michel Tilmant disse que “os mercados continuam turbulentos”, acrescentando acreditar que “as pressões sobre os preços dos ativos continuarão afetando os resultados no quarto trimestre, enquanto o enfraquecimento das condições econômicas pressionará os resultados em 2009”. No ano, o grupo já perdeu cerca de 70% de seu valor e ontem sua capitalização de mercado era de cerca de 17 bilhões.
O ING disse aos investidores em 17 de outubro que esperava um prejuízo de cerca de 500 milhões, resultado principalmente da deterioração dos investimentos em ações e bônus e das alterações nos valores dos imóveis. O ING fez os comentários em resposta a especulações de mercado e uma grande queda no preço de sua ação. Dois dias depois, o grupo acertou uma injeção de capital de 10 bilhões da parte do governo holandês, para fortalecer seu capital.
O ING divulgou um prejuízo antes dos impostos com suas operações bancárias de 216 milhões para o terceiro trimestre, comparado a um ganho de 1,1 bilhão no mesmo período do ano passado. O resultado foi afetado por perdas com ações e títulos de dívida que somaram 612 milhões.
Um impacto negativo adicional de 376 milhões incluiu 292 milhões relacionados a uma perda cambial referente à forte valorização do dólar, informou o ING. O resultado antes dos impostos na unidade de seguros do grupo passou de um lucro de 1,29 bilhão no terceiro trimestre de 2007 para um prejuízo de 547 milhões este ano, graças às perdas com ações e títulos de dívida, e também perdas em outros investimentos por causa da deterioração dos mercados financeiros. Após os impostos, o grupo contabilizou uma perda líquida de 585 milhões, contra um lucro líquido de ê 1,95 bilhão no terceiro trimestre de 2007.
“Os resultados foram afetados negativamente pelas deteriorações e perdas com ações, títulos de dívida e outros ativos de 1,5 bilhão antes dos impostos. Deste valor, as ações listadas responderam por 628 milhões”, segundo um comunicado do ING.
O diretor financeiro John Hele, que deixará a instituição no fim de março, disse que , se os mercados de ações continuarem baixos como estão, uma perda adicional de cerca de 300 milhões será contabilizada no quarto trimestre.
O ING está classificado entre as 20 maiores instituições financeiras mundiais em valor de mercado e tinha 608 bilhões em ativos sob administração no fim do terceiro trimestre. A injeção de capital de 6 10 bilhões pelo governo holandês ajudou o grupo a manter sua classificação de crédito “AA-” junto às agências Standard & Poor´s e Fitch.
Fonte: Valor