Inflação da terceira idade perde força no trimestre
A inflação percebida pelos idosos perdeu força no terceiro trimestre, que foi a menor dos últimos cinco anos. É o que mostrou o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), que mede a inflação sentida pela população idosa, e subiu 0,05% no terceiro trimestre de 2010, taxa menor do que a apurada no segundo trimestre, quando teve alta de 0,92%. Quedas nos preços dos alimentos foram responsáveis por isso, segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros. Os preços no grupo alimentação recuaram de uma taxa positiva de 0,01% para uma queda de 1,27%, do segundo para o terceiro trimestre deste ano.
Quadros comentou que os alimentos representam em torno de 31% do total do IPC-3i. Os meses de junho, julho e agosto foram meses de deflação para o setor de alimentação. Destes três meses de queda nos preços dos alimentos, dois estão no terceiro trimestre, lembrou.
O impacto de quedas e desaceleração de preços dos alimentos foi tão forte que acabou por conter, em parte, o efeito do aumento nos preços de plano e seguro saúde (1,49%) no terceiro trimestre – a principal influência positiva entre os produtos pesquisados para cálculo do indicador da terceira idade.
Os preços dos alimentos não foram os únicos a apresentar quedas de preços no terceiro trimestre, no âmbito do IPC-3i. O técnico observou que seis das sete classes de despesa usadas para cálculo do indicador apresentaram decréscimos em suas taxas de variação de preços. Mas como o grupo dos alimentos é um dos de maior peso no cálculo do IPC-3i, foi a principal contribuição para a taxa menor, afirmou. O grupo alimentação representou cerca de dois terços da desaceleração da taxa do indicador do segundo para o terceiro trimestre, acrescentou.
O efeito das quedas nos preços dos alimentos foi mais sentido entre as famílias com idosos do que entre famílias com todas as faixas etárias, cuja inflação é medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-BR) que subiu 0,17% no terceiro trimestre. Quadros explicou que o peso dos alimentos é menor no cálculo do IPC-BR do que na elaboração do IPC-3i.
Entre os destaques de quedas de preços estão as taxas negativas registradas nos preços de hortaliças e legumes (-20,31%); e de laticínios (-1,60%) no terceiro trimestre. O técnico observou que estes produtos são mais demandados por consumidores da terceira idade e, por consequência, pesam mais no cálculo do IPC-3i.
O especialista admitiu que, para o quarto trimestre, a inflação percebida pelos idosos deve ser mais intensa do que a apurada no terceiro trimestre e também mais forte do que a apurada pelo IPC-BR. Isso porque, no final de setembro e início de outubro, os preços dos alimentos no varejo começaram a subir, devido a repasses de altas de matérias-primas agropecuárias no atacado. Creio que o próximo indicador deve refletir este cenário, afirmou.
Fonte: Folha de Londrina
