Indústria Mundial de Seguros retoma crescimento após a crise econômica
A indústria de seguros retomou seu crescimento no passado, com volume mundial de prêmios aumentando em 2,7%, sendo que a principal aceleração ocorreu nos mercados emergentes. É o que aponta estudo sigma anual para os mercados globais da Swiss Re, “O seguro no mundo em 2010”, primeira avaliação pública do desempenho dos mercados de seguros mundialmente. Os 78 mercados pesquisados correspondem a 98% do volume global de prêmios.
Os prêmios do segmento de vida cresceram 3,2% e de ramos elementares, 2,1%. O setor apresentou também melhora de capital e solvência, enquanto as baixas taxas de juros abalaram o retorno dos investimentos, ainda com impacto negativo sobre a lucratividade. O volume de prêmios cresceu em três quartos dos 78 mercados pesquisados, com particular vigor nos mercados emergentes.
Vida
Globalmente, no ano passado, os prêmios do seguro de vida subiram 3,2%, alcançando US$ 2,52 bilhões, quase atingindo os níveis pré-crise. Os números foram bem superiores a queda de 0,8% em 2009. O crescimento foi mais intenso nos mercados emergentes asiáticos (especialmente em Hong Kong, Taiwan e Singapura), e robusto em alguns dos grandes mercados europeus.
Nos Estados Unidos e no Reino Unido, os prêmios diminuíram, embora em um ritmo mais lento que em 2009. Apesar do impacto negativo das baixas taxas de juros sobre a lucratividade das seguradoras de vida, elas contribuíram para uma forte melhora da posição do capital contábil do setor por aumentarem o valor de suas carteiras de títulos.
“O cenário predominante mostra uma indústria retomando a tendência de crescimento no longo prazo. Na realidade, em alguns países da Europa Continental, o crescimento no ano passado poderia ser considerado acentuado, pois o faturamento de produtos de prêmio único com garantias relativamente atraentes apresentou forte crescimento”, comentou um dos autores do estudo, Daniel Straib.
Nos mercados emergentes, os prêmios do segmento de vida subiram 13%. A Ásia Meridional e Oriental formaram a região com mais forte crescimento, alcançando 18%, tendo à frente a China, com grande demanda tanto por produtos tradicionais quanto por produtos vinculados a investimentos. A América Latina e o Caribe não ficaram muito atrás, com 12%, liderados pelo Brasil, onde os prêmios cresceram 13%.Chile, Argentina e Peru também tiveram significante contribuição – os prêmios combinados subiram mais de 20%.
Ramos elementares
Após perdas em 2008 e 2009, no ano passado os prêmios do seguro de ramos elementares aumentaram 2,1% mundialmente. Nos países emergentes e recém-industrializados da Ásia, a vigorosa retomada econômica fez crescer a demanda por cobertura de seguro, particularmente na Coréia (que registrou um aumento de prêmios de 15%) e em Singapura (8,1%).
A Ásia como um todo registrou crescimento de 22%, impulsionada também pelo forte expansão de prêmios na China (28%). A América Latina também registrou expansão, sendo que o Brasil foi o principal motivo para o crescimento da região. O volume de prêmios aumentou também na Oceania, Europa e nos Estados Unidos. O capital do setor prosseguiu em seu desenvolvimento positivo e atingiu um nível recorde em 2010.
Os resultados da subscrição se deterioraram, em geral, nos Estados Unidos e ficaram negativos nos grandes mercados europeus, sendo que, no último caso, devido aos péssimos resultados do seguro de automóveis. Nos oito maiores mercados, pelo segundo ano consecutivo, a receita de prêmios não conseguiu cobrir completamente as liquidações de sinistros e outros custos.
“O índice combinado médio desses principais mercados degenerou para 103%, comparado com 101% em 2009”, afirmou Staib. “Diante dos recentes eventos de sinistros catastróficos, é evidente que os resultados globais das subscrições irão piorar ainda mais em 2011. Isto indica que os preços estão inadequados. Em alguns mercados, tais como Itália e Reino Unido, os índices começaram a subir, particularmente nos seguros de automóveis, sinalizando que o ciclo de subscrição está finalmente começando a mudar de direção”, explicou.
Perspectivas
Apesar da persistente incerteza, o estudo revela que, em 2011, a recuperação econômica deverá seguir seu curso e estimular o crescimento de prêmios nos setores de vida e ramos elementares. Entretanto, o retorno dos investimentos em ambos os setores deve permanecer fraco, pois as taxas de juros apresentarão, quando muito, apenas uma lenta subida.
“Em relação aos mercados maduros, o crescimento do seguro de vida deverá se tornar positivo nos Estados Unidos, enquanto na Europa Ocidental o aumento de prêmios poderá apresentar ligeira desaceleração, uma vez que as crescentes taxas de juros deixarão as apólices de vida com garantia de taxa de juro menos atrativas”, observa Staib.
No longo prazo, o fato da sociedade estar envelhecendo e necessitar cada vez mais de reservas para a velhice, continua sendo um aspecto positivo para as seguradoras de vida.
No segmento de ramos elementares, a tendência é de maior crescimento de prêmios em 2011, tendência que se fortalecerá com as taxas de prêmios começando a ser ajustadas para cima.
Emergentes
A participação dos países emergentes no mercado global, atualmente de 14%, deverá continuar aumentando vigorosamente nos próximos dez anos. É provável que a China se torne o segundo maior mercado de seguros dentro de uma década (em 2010 era o sexto maior).
Os principais riscos para o panorama futuro referem-se a uma escalada da crise da dívida soberana em euros ou a uma grave escassez de petróleo causada por tumultos nos principais países produtores de petróleo.
Fonte: Monitor Mercantil