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IGP-M desacelera e deve fechar o ano com deflação

A desaceleração do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) em outubro reforça a perspectiva de que o indicador fechará o ano em campo negativo pela primeira vez desde a crise financeira de 2009, avalia a Fundação Getulio Vargas (FGV). Importante indexador de contratos, o IGP-M deve contribuir para a continuidade do cenário inflacionário benigno em 2018.

O IGP-M variou 0,20% em outubro, ante avanço de 0,47% registrado em setembro. Em outubro de 2016, a variação foi de 0,16%. De janeiro a outubro deste ano, o indicador ainda acumula queda de 1,91%. Em 12 meses, a taxa é negativa em 1,41%.

O principal componente a influenciar na desaceleração foi o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), com variação de 0,16% em outubro, abaixo dos 0,74% do mês anterior. Dos itens que compõem o IPA, a maior contribuição foi do minério de ferro (7,88% para -8,28%), devido à queda de preços no mercado internacional, além do óleo diesel (8,25% para 2,38%) e da gasolina (7,09% para -0,80%).

“Os combustíveis e o minério de ferro estavam com altas fortes no mês passado e todos eles têm peso grande no índice. A mudança de trajetória desses preços, embora sejam poucos, já explica bastante da desaceleração do IPA”, afirma Salomão Quadros, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre).

Na direção contrária, a alimentação é o principal destaque entre os itens que se tornaram mais caros em outubro. Os alimentos in natura no atacado passaram de uma queda 3,79% a ligeiro avanço de 0,06% em outubro. Já os processados foram de recuo de 0,88% a alta de 0,51%. A alimentação no varejo passou de baixa de 0,82% a alta de 0,18%.

Segundo Quadros, um indicativo de que essa alta da alimentação deverá se manter é o comportamento das matérias-primas agropecuárias, como soja, trigo e animais. Esse item acelerou de 0,46% para 0,85%.

Como efeito da safra recorde deste ano, as matérias primas agropecuárias ainda acumulam taxa negativa de -15,67% em 12 meses até outubro. Para Quadros, este é um ciclo que deve acabar, já que, mesmo que a safra do próximo ano seja tão boa quanto a de 2017, ela não representará acréscimo e, portanto, não deve resultar em nova queda de preços. Ainda assim, mesmo que à frente seja esperada uma sucessão de taxas positivas nos alimentos, isso não deve ser interpretado como um choque agrícola, mas sim como um retorno à normalidade.

Em bens intermediários, o economista da FGV destaca a passagem de materiais de manufatura, que são insumos industriais, de uma deflação de 0,58% para alta de 1,47%.

Fonte: Valor

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