Hora de diversificar investimentos
Se você pesquisa sobre investimentos, com certeza o conselho que mais ouve é para diversificar suas aplicações, aquela velha regra de não deixar todos os ovos na mesma cesta. Não sem razão este conselho é dado como forma de proteção ao investidor. Na verdade, dividir o dinheiro em mais de uma aplicação é uma forma de mitigar os efeitos de um comportamento muito comum observado em nossa vida de uma forma geral e que, consequentemente, também se reflete nas decisões de investimento.
Em todos os aspectos da vida, tememos perder. A lembrança da perda de um ente querido pode ter um impacto mais forte do que as memórias dos bons momentos vividos. Bem como o gosto amargo daquela derrota do seu time do coração, de goleada e para o principal rival, acaba gerando um impacto mais profundo para a memória do que o campeonato conquistado no ano anterior.
Essa aversão a perdas acontece do mesmo modo quando pensamos em investimentos. Em publicação sobre vieses de comportamento, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) cita, por exemplo, a situação em que o investidor tende a se apegar a investimentos ruins por medo de “perder uma grande oportunidade”. Por outro lado, o mesmo medo de perder pode fazer com que o investidor ignore posições promissoras, com receio de abrir mão daquilo que já ganhou.
Em pesquisa sobre o assunto, os estudiosos Daniel Kahneman e Amos Tversky criaram um problema interessante. Trata-se de um jogo de Cara ou Coroa. No caso de sair Cara, o apostador perde R$ 100, se der Coroa, ganha R$ 150. Ainda que o valor a ganhar seja superior à perda, grande parte dos participantes do experimento não aceita a proposta.
Diante da volatilidade do mercado de renda variável, uma premissa básica para investir é ter sangue frio, encarar a possibilidade de perda como um processo natural diante dos riscos tomados. Na teoria, pode parecer mais simples do que colocar isso em prática.
Sendo assim, sabendo que esse viés de aversão a perdas é algo que muitas vezes acontece de modo inconsciente, a diversificação de investimentos é uma estratégia para evitar prejuízos em função dessa nossa característica de comportamento. Se você toma um prejuízo em determinado período com um lote de ações, mas sabe que outra parte de suas economias está rendendo em renda fixa, este equilíbrio traz um certo alívio.
Neste sentido, outra recomendação da CVM para quem opta por fazer aplicações de longo prazo é evitar a checagem diária das cotações relacionadas ao produto investido. Isso só aumenta a ansiedade do investidor e a tendência a tomar decisões precipitadas quanto à aplicação.
Fonte: G1