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Grupo Odebrecht é premiado em Londres

A criatividade em montar operações estruturadas de garantia para respaldar financiamentos e com isso alavancar um volume maior de crédito para investimentos rendeu à Odebrecht Administradora e Corretora de Seguros (OCS) o prêmio “Deal of Year” da revista britânica Trade Finance, do grupo de publicações Euromoney. Foram inscritos 332 operações. Foram premiadas 64, de 23 países, sendo inédita a premiação a uma operação de seguro de uma empresa brasileira neste evento, que acontece desde 1999.
“O seguro-garantia é o instrumento mais utilizado pela maioria das construtoras no mundo para assegurar o cumprimento do contrato diante de seus clientes. Ter capacidade dos principais players do mercado melhora a capacidade e a competitividade do grupo no desenvolvimento da infra-estrutura da região”, diz Vinício Fonseca, responsável por seguros e garantias nos projetos estruturados da OCS, ontem, durante o jantar de gala realizado em Londres pela revista para premiar as empresas vencedoras.
Tais operações envolvem geralmente o credor, aquele que oferece o crédito; o devedor, que toma o crédito, e o avalista, papel assumido muitas vezes por uma seguradora. “E é este papel de avalista que nos cabe negociar para repassar o risco ao mercado de seguros”, explica Fonseca, um dos autores do projeto vencedor.
O case premiado foi um contrato que estabeleceu um instrumento de seguro garantia regional de US$ 400 milhões para projetos qualificados realizados pela Construtora Norberto Odebrecht (CNO) e suas subsidiárias operacionais em vários países membros mutuários do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), principal fonte de financiamento de longo prazo para programas de desenvolvimento econômico e social na América Latina e no Caribe. O acordo foi assinado no final do ano passado entre o banco de fomento, o grupo Odebrecht e a American Home Assurance Company, empresa membro do American International Group (AIG).
Por intermédio desse instrumento, o BID passou a dar uma garantia parcial de crédito de até US$ 200 milhões, destinada a cobrir 50% da exposição líquida do AIG pelas garantias emitidas em favor da construtora e suas subsidiárias. “Queremos usar este exemplo de sucesso para negociar outras garantias e obter condições melhores de financiamentos e assim poder contribuir cada vez mais com o desenvolvimento da infra-estrutura em diversos países”, diz Álvaro Novis, diretor financeiro da holding Odebrecht, para a qual a OCS se reporta.
Segundo Novis, o uso de fontes alternativas de capacidade de crédito se tornou vital para sustentar o crescimento da Odebrecht. “Eu, que sempre trabalhei em banco, penso em risco o tempo todo e formas de mitigá-lo. As regras de Basiléia para o bancos estimularam o setor porque o seguro ajuda a liberar o patrimônio dos bancos para outras operações”, diz.
A movimentação da OCS para buscar capacidade maior está mais intensa neste momento em que o Brasil passou a chamar a atenção do mundo ao ser considerado um País seguro para investimentos por duas das principais agências internacionais de rating, a Standard & Poor?R™s e a Fitch. É esperado que muitos projetos de infra-estrutura saiam do papel e ter uma capacidade maior trará mais agilidade para finalizar os contratos de financiamento.
Só as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) poderão estimular em 20% o crescimento o ganho da construtora e incrementar em R$ 3 bilhões o faturamento anual. Da receita bruta total em 2007, de R$ 31,4 bilhões, R$ 8,8 bilhões vieram de engenharia e construção e R$ 22,4 bilhões de química e petroquímica.
Mesmo antes desta sinalização de risco seguro, que já atrai uma quantidade significativa de investimentos para o País, a Odebrecht já vinha num ritmo acelerado. Em engenharia e construção, por exemplo, o grupo finalizou 2007 com US$ 17 bilhões de contratos em carteira, o equivalente a três anos de produção, com expansão das operações para outros países, como África e Oriente Médio, onde participa de projetos de infra-estrutura de transporte, energia e saneamento.Cerca de 35% da receita de construção vem do Brasil e 65% restantes das obras internacionais.
Maior aceitação
Segundo Fonseca, que fica em Washington (EUA), cada vez mais os credores estão aceitando as garantias dadas por seguradoras e resseguradoras em grandes projetos. A capacidade do seguro garantia pode variar entre 5% e 20% do valor do investimento nas obras brasileiras. “Já nos EUA você não bate um prego sem ter 100% segurado”, diz Marcos Lima, diretor geral da OCS. Atualmente a OCS tem aproximadamente 165 operações de garantia em todos os países onde atua. “Só não usamos o seguro garantia nos Emirados Árabes, que ainda não tem a cultura deste produto, e quando os clientes exigem outro tipo de garantia, como a fiança bancária”, conta.
Segundo Fonseca, o seguro tem sido um diferencial na obtenção de taxas mais competitivas de financiamento e valores maiores desde 1990, quando o grupo foi aos EUA para construir um trecho do metro de Miami. “Em alguns países o seguro não era aceito pelo governo. ÅUR medida que fomos mostrando como funcionava o produto, a aceitação foi imediata”, diz Lima.
Segundo ele, hoje apenas 10% dos projetos de financiamento do grupo contam com outros tipos de garantias.

Fonte: Gazeta Mercantil

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