Governo eleva alíquota previdenciária e adia reajuste salarial do servidor
O governo apresentou ontem a nova versão do Orçamento de 2018 e encaminhou, dois meses após o anúncio, as Medidas Provisórias que vão garantir R$ 12,6 bilhões extras no ano que vem com aumento de arrecadação e corte de despesas. A demora no envio das medidas ao Congresso teve como objetivo não atrapalhar as negociações para barrar a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.
As mudanças são consideradas impopulares pelos parlamentares, preocupados já com as eleições de 2018, mas são tidas pela equipe econômica como necessárias para equilibrar o Orçamento. Para aumentar a receita em 2018, o governo elevou a alíquota previdenciária dos servidores federais de 11% Dara 14% e adiou o reajuste dees para 2019. A contribuição sobre o salário até o teto do INSS (R$ 5.531,31) continua em 11%. Os servidores que ganham mais pagarão os 14% sobre a parcela que excede o teto. A contribuição dos trabalhadores do setor privado continua de 8% a 11%.
Os servidores prometem reagir às medidas anunciadas pelo governo. O presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sin-difisco), Claudio Damasceno, acusou a equipe econômica de montar uma pauta contra o funcionalismo. Certamente, vamos de alguma forma reagir. Nada está descartado, afirmou em relação à possibilidade de greve. Os auditores querem que o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) se reúna nesta semana para traçar uma estratégia de mobilizações no Congresso para barrar as medidas.
Também com o objetivo de ampliar a receita o governo vai taxar fundos de investimento exclusivos fechados, para clientes de alta renda. Hoje, esse tipo de investimento só paga imposto no resgate, mas passará a ser tributado anualmente.
O orçamento incorporou ainda a ampliação de R$ 30 bilhões na meta de Déficit fiscal de 2018. Isso significa que as despesas do governo federal no ano que vem podem superar as receitas com impostos e contribuições em até R$ 159 bilhões.
O envio das MPs, que têm vigência imediata, estiveram no centro de um impasse entre a equipe econômica, o Palácio do Planalto e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Maia reclamou recentemente do excesso de MPs enviadas por Temer e ameaçou devolver novas propostas.
Depois de deixar as medidas em banho-maria durante as negociações em torno da denúncia, o Planalto decidiu reativá-las. O governo terá de trabalhar agora no convencimento dos parlamentares, já que as MPs têm prazo de 120 dias para serem votadas. Explicamos para ele (Maia) todas essas situações, a necessidade de que medidas estejam em vigor antes do fim do ano. Temos que trabalhar juntos, disse o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira.
Diante das resistências, a equipe econômica optou por deixar uma margem de segurança no Orçamento, mantendo a projeção de crescimento do PIB em 2% em 2018, abaixo do que pre-veem os economistas.
Fonte: O Estado de São Paulo