Governo desiste de novo aeroporto em São Paulo
O governo descartou ontem a possibilidade de construir um terceiro aeroporto em São Paulo, pelo menos a curto prazo. A decisão foi tomada dez dias depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, terem anunciado publicamente a intenção de o governo federal erguer esse novo aeroporto fora de São Paulo. Ontem, na reunião da coordenação política, no Palácio do Planalto, o presidente aceitou o argumento apresentado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, indicando que o mais conveniente, neste momento, é investir na construção da terceira pista do Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos.
Prevaleceu, portanto, a proposta do governador paulista, José Serra (PSDB), que, em conversa com Jobim, na sexta-feira, se manifestou contra a construção de outro aeroporto em São Paulo, por considerá-la uma idéia ´pouco sensata´. Já a ministra Dilma, que na semana passada disse terminantemente aos presidentes de TAM e da Gol que o governo não investiria mais em outra pista de Cumbica, reviu a posição.
Em pronunciamento à Nação, no dia 20 – três dias após a tragédia com o avião da TAM, no vôo 3054 -, o presidente Lula anunciou uma série de providências para desafogar o tráfego aéreo em Congonhas. Entre elas, a decisão de construir um novo aeroporto na região de São Paulo.
Jobim disse que já conversou sobre Cumbica não apenas com o governador Serra, como com o prefeito de Guarulhos, Elói Pietá, que é do PT. Pelo relato do ministro da Defesa, o governador tucano tem interesse em investir numa linha de trem ligando o centro de São Paulo ao Aeroporto de Cumbica e pediu ajuda federal. Serra defende ainda a ampliação do terminal de passageiros em Viracopos e a construção de mais uma pista expressa para ligar São Paulo a Campinas.
Estudos anteriores do governo esbarravam em um problema: para erguer a terceira pista seria necessário desalojar 20 mil famílias. O prefeito de Guarulhos, no entanto, disse a Jobim que o número de desabrigados é quatro vezes menor, não ultrapassando 5 mil famílias.
Fonte: O Estado de São Paulo
