Governo derrota Eduardo Cunha com eleição do novo líder do PMDB
Foi uma queda de braço entre governo e o adversário e presidente da Câmara, Eduardo Cunha. E o governo ganhou. O deputado Leonardo Picciani foi reeleito líder do PMDB na Câmara. O candidato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi derrotado por sete votos. Cunha também sofreu outra derrota no Supremo Tribunal Federal. Reeleito líder do PMDB por mais um ano, o deputado Leonardo Picciani vai continuar à frente do partido que hoje tem o maior número de deputados da Câmara. Ele saiu da disputa, acirrada, tentando acalmar os ânimos.
Nessa disputa do PMDB não há vitoriosos, não há derrotados, há vitória do partido, que mais uma vez na sua história exercita a liberdade de expressão, a liberdade de divergência e a liberdade de escolha, declara o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ).
O apoio do Palácio do Planalto, embora não declarado, ficou explícito. O ministro de Saúde Marcelo Castro cumpriu o prometido. Foi exonerado do cargo e voltou a ser deputado por um dia só para ajudar a eleger Picciani. Ele foi recebido na Câmara com festa por quem torcia pelo atual líder. E por manifestantes, que apoiavam Hugo Motta, mascarados de mosquito Aedes aegypti. Os manifestantes foram levados pelo partido Solidariedade, aliado a Cunha.
Entendo que essa vitória do líder Picciani fortalece a relação e o apoio do PMDB ao governo da presidenta Dilma, disse o ministro da Saúde, Marcelo Castro.
Mas o placar surpreendeu muita gente. Foram 37 votos contra 30 do adversário, o deputado Hugo Motta, que esperava ter o apoio de mais deputados.
Toda uma estrutura de poder montada por trás da sua candidatura para que viabilizasse a sua eleição. Eu não esperava que a bancada fosse ceder a isso, até porque esses atores externos não estarão aqui a partir de amanhã para resolver os problemas da bancada e dialogar com os deputados, afirma o deputado Hugo Motta (PMDB-PB).
A eleição do líder do PMDB ganhou mais importância porque ele vai ter o direito de indicar oito deputados para participar da comissão que vai analisar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Por isso, a vitória de um aliado trouxe alívio para o governo. E, de outro lado, foi um balde de água fria para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que se dedicou pessoalmente a pedir votos para Hugo Motta.
Apesar disso, Cunha disse que não se sente derrotado. Eu sou uma pessoa muito habituada a receber os resultados das eleições com muita tranquilidade. Então, eleições, são eleições que você ganha e que você perde, declarou o presidente da Câmara.
Na noite desta quarta-feira (17), o presidente da Câmara sofreu uma segunda derrota. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, negou o pedido feito pelos advogados de Cunha para suspender o processo contra ele no Conselho de Ética. O objetivo era ganhar mais dez dias para apresentar a defesa no conselho. Mas o ministro do Supremo disse que não ficou comprovado que havia um motivo, um risco urgente que justificasse a paralisação do caso.
Mais cedo, o conselho se reuniu e o relator, deputado Marcos Rogério, leu um resumo do voto. Disse que não dá para negar as provas apresentadas contra Cunha e pediu a continuidade do processo. Mas os aliados do presidente da Câmara pediram, de novo, mais tempo para ler o voto. E a votação do relatório ficou para a semana que vem.
Essa a derrota de Cunha no PMDB não significa vida mansa para o governo que terá muitas batalhas ainda na Câmara pela frente.
Fonte: G1