Governo cria grupo para estudar mudanças no Seguro DPVAT
O Ministério da Economia criou um grupo de trabalho para estudar e apresentar possíveis cenários e propostas alternativas ao atual modelo operacional do DPVAT, o Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de via Terrestre.
O grupo é temporário e terá prazo de 180 para a conclusão de suas atividades e emissão de relatório final, que será encaminhado ao Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP).
A portaria com a decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira (23/5). A equipe terá que analisar pontos positivos e negativos do atual modelo do DPVAT, outros que vigoraram no Brasil e alguns dos principais modelos internacionais de seguro obrigatório do mesmo tipo.Além disso, o grupo deverá indicar as legislações que deveriam ser alteradas, propor mudanças legislativas para viabilizar um novo modelo caso sejam necessárias e apresentar solução, mesmo que temporária, para a continuidade da operacionalização do DPVAT, que deixou de ser cobrado da população em 2021 e 2022 por decisão do governo federal.
O grupo será composto por representantes da Secretaria de Política Econômica da Assessoria Especial de Estudos Econômicos do Ministério da Economia, que o coordenará; Superintendência de Seguros Privados (Susep); Secretaria Especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia; Comissão de Valores Mobiliários (CVM); e Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Banco Central do Brasil, Ministério da Justiça e Ministério do Trabalho e Previdência poderão indicar representantes para participarem de reuniões específicas que tratem da sua área de competência, na condição de convidados, sem direito a voto.
A não cobrança do DPVAT em 2022, explica o CNSP, tem a mesma fundamentação dos anos anteriores: se baseia no fato de haver excedente de recursos na operação imposto suficiente para arcar com a cobertura do seguro este ano.
O excedente verificado foi formado com os prêmios pagos pelos proprietários de veículos ao longo dos últimos anos. O CNSP tem efetuado reduções anuais sistemáticas no valor do prêmio como forma de retornar, para os proprietários de veículos, estes recursos excedentes, já tendo, inclusive, estabelecido valor igual a zero, para todas as categorias tarifárias, para o ano de 2021?, afirmou o Conselho no ano passado.
Tal decisão promove a devolução à sociedade dos excedentes acumulados ao longo dos anos. Sem nova arrecadação, a tendência é que esses recursos sejam consumidos com o pagamento das indenizações por acidentes de trânsito ao longo do tempo, acrescentou.
Caso voltasse a ser cobrado em 2022, os valores do DPVAT variariam entre R$ 10 e R$ 600, conforme a região do País e a categoria dos veículos, segundo estimativas da Susep. Vale lembrar que caso tais medidas não tivessem sido tomadas, o que incluiu a transferência do excedente de recursos de cerca de R$ 4,3 bilhões do Consórcio das seguradoras que integravam a Seguradora Líder para o FDPVAT (fundo administrado pela Caixa Econômica Federal) em fevereiro de 2021, a sociedade estaria pagando valores elevados para custear as coberturas do Seguro DPVAT nesse período, informou o CNSP, em nota.
Em 2021, o governo federal transferiu a gestão e operação do Seguro DPVAT para a Caixa Econômica Federal (CEF) e deixou de cobrar o seguro dos proprietários de veículos motorizados no País. Em 2020, o DPVAT teve um desconto superior a 80% para todos os proprietários de veículos motorizados carros pagaram R$ 5,23 e motos, R$ 12,30.
Para o proprietário de veículos motorizados, encarar mais um ano sem a cobrança do DPVAT pode ser uma excelente notícia, ainda mais em meio a talvez maior crise econômica já enfrentada no País.
Mas para a saúde pública brasileira poderá ser mais um golpe, especificamente para o Sistema Único de Saúde (SUS), que historicamente contava com recursos do seguro para se manter.
O questionamento que cresce entre profissionais da área de saúde e de trânsito é que o saldo de R$ 7 bilhões que o governo federal diz existir não conseguirá cobrir as indenizações e o custo do SUS em 2022.
Para quem não lembra, o DPVAT teve um desconto superior a 80% para todos os proprietários de veículos motorizados em 2020 carros pagaram R$ 5,23 e motos, R$ 12,30.
E, em 2021, o governo federal isentou a sociedade do seguro.
As denúncias de fraudes envolvendo o pagamento das indenizações e o saldo de caixa que a ex-administradora do DPVAT teria estimado em R$ 7 bilhões, segundo o governo federal foram os argumentos para acabar com a cobrança.
O questionamento que cresce entre profissionais da área de saúde e de trânsito, gente que lida diariamente com os impactos da violência nas ruas e estradas do País, é o que acontecerá a partir de 2022.
Em 2020, segundo dados da Seguradora Líder, ex-administradora do DPVAT, foram pagas quase 311 mil indenizações a vítimas do trânsito no Brasil.Um custo de quase R$ 3 bilhões. Considerando que 45% dos valores arrecadados devem ser destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e 5% ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para as ações de educação, o saldo que o governo federal diz existir não conseguirá cobrir as despesas em 2022.
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