Golden Cross entra no segmento de planos populares
Em cenário de concorrência acirrada e crescimento da demanda na classe C, a carioca Golden Cross, conhecida por oferecer produtos para o público de maior poder aquisitivo, começa a vender planos médicos a preços mais baixos.
A companhia, que no fim da década de 90 quase foi à falência e recuperou-se, está seguindo os passos de suas concorrentes Amil e Medial, duas das maiores do setor que abriram capital na Bovespa com a promessa de crescer especialmente com planos para a população de baixa renda.
A partir deste mês, a Golden Cross vai oferecer para empresas planos médicos que custam de 20% a 30% menos do que os produtos mais baratos vendidos até então. “Vamos entrar num segmento novo, mas que apresenta o maior crescimento para os planos de saúde”, diz João Carlos Regado, desde 2000 presidente da Golden Cross, que pertence à família Soldani Afonso, fundadora da companhia. Regado refere-se ao mercado de assistência médica para trabalhadores formais, cuja renda lhes posiciona na chamada classe C, e o custo mínimo para a empresa é de R$ 55 a R$ 65 por funcionário ou dependente.
A ofensiva da Golden será feita inicialmente no Estado de São Paulo, que em 2007 concentrava sozinho 42% do mercado de planos de saúde ou 16,6 milhões milhões de clientes de um total de 40 milhões no Brasil. É no território paulista que a competição entre operadoras é mais forte. “Nossa previsão é aumentar em 30% a carteira em São Paulo”, diz Regado. A empresa tem hoje 120 mil clientes no Estado e 550 mil no total.
Para o mercado do Rio de Janeiro, onde a empresa possui 250 mil clientes, o executivo desenvolveu um plano de saúde com preço menor, mas com características diferentes do produto paulista. “A idéia é estudar os dois modelos e levá-los para outras praças do país”, conta Regado.
A Amil entrou de forma mais agressiva nesse mercado no mês passado. Está apostando suas fichas na marca Dix, focada no segmento popular. “Lançamos no Paraná o Amil Dix destinado a consumidores de menor renda. O preço inicial desse plano corporativo é R$ 60. Nossa idéia é levar esse produto a São Paulo e Rio nos próximos dois meses e no país todo até o final do ano”, disse Antonio Jorge Kropf, diretor técnico da Amil.
O interesse da companhia nesse público não é à toa. Atualmente, dos 2,6 milhões de beneficiários que a Amil possui, 1,1 milhão é da Dix. “Nos últimos dois anos, a classe C ganhou 20 milhões de novos consumidores, provenientes das classes D e E, e queremos atrair esse público com planos mistos, composto de redes credenciadas e próprias”, observou Kropf.
A Medial também vem explorando o mercado de planos mais populares com a Amesp, operadora que foi adquirida no ano passado por R$ 253 milhões. O negócio permitiu à companhia segmentar seus produtos entre aqueles mais baratos, que permitem acesso a uma rede restrita, e os mais caros, que dão mais opções aos clientes.
Conseguir oferecer produtos a preços mais baixos é, ao mesmo tempo, o maior desafio e o principal trunfo das operadoras para crescer. Um levantamento da consultoria Primeira Consulta mostra que apenas 8% da população nas classes D e E (renda abaixo de quatro salários mínimos) têm planos de saúde, enquanto na classe A (acima de 25 salários) a penetração é bem mais alta, em torno de 80%.
Posicionada entre as maiores do setor, a Bradesco Sáude afirma que, por enquanto, não possui produtos específicos para alcançar a população de baixa renda. A Intermédica, que também está no rol das maiores do setor, sempre teve foco nesse público.
Fonte: Valor