Furioso”, Bernanke reclama do episódio AIG
O presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, disse ontem estar furioso com a seguradora AIG, resgatada pelo Estado com US$ 180 bilhões desde setembro. “Se houve um acontecimento que nos últimos 18 meses me deixou furioso foi o da AIG”, afirmou durante a audiência ante um comitê do Senado.
“A situação da AIG é para mim, evidentemente, muito incômoda”, admitiu, afirmando que o Estado “não teve outra opção”, já que, se não interviesse no grupo, se arriscaria a deixá-lo se amparar na lei de concordatas, dias depois da falência do banco de investimentos Lehman Brothers , em setembro.
“Tomamos estas medidas porque, para começar, achamos que a quebra da maior seguradora do mundo seria catastrófica para a estabilidade do sistema financeiro mundial”, explicou o presidente do Fed no dia seguinte de uma ajuda extra de US$ 30 bilhões. “Não sabemos com certeza como será o futuro, mas acho que isso nos dará melhores oportunidades para se chegar a uma estabilidade econômica”, concluiu.
Mais cedo, Bernanke disse que o plano de reativação do governo americano deve proporcionar benefícios sólidos para a economia americana, mas que será necessário fazer muito mais em favor do sistema financeiro. Ele falou das perspectivas econômicas a curto prazo continuam sendo preocupantes, mas que várias medidas de estímulo e iniciativas para estabilizar o sistema financeiro eventualmente impulsionarão a atividade. “Apesar de o prognóstico para a economia a curto prazo ser frágil, uma série de fatores deverão impulsionar a volta de benefícios sólidos na atividade econômica no contexto de uma inflação baixa e estável”, afirmou em seu discurso.
“A eficácia das ações de política econômica pelo Federal Reserve, o Tesouro, e outras entidades governamentais em restaurar um grau razoável de estabilidade financeira será determinantes críticos da velocidade e da força da recuperação”, disse Bernanke.
“Se as condições financeiras melhorarem, a economia será sustentada de forma crescente pelos estímulos fiscais e monetários, os efeitos favoráveis do declínio nos preços de energia desde o verão passado, pelo ajuste já realizado dos estoques e vendas, assim como pela melhoria na disponibilidade de crédito.”
Em seu discurso, Bernanke comenta que o pacote anticrise de US$ 787 bilhões não tem por meta “prover um estímulo de uma vez só para a economia, mas pavimentar o caminho para um crescimento autossustentado e uma recuperação ampla”, disse. “A velocidade e magnitude dos efeitos macroeconômicos do programa fiscal estão sujeitos a uma incerteza considerável, refletindo tanto o estado do conhecimento econômico e as inusuais circunstâncias econômicas que enfrentamos”.
Ele ressaltou que as autoridades econômicas “devem estar preparadas para tomar as ações necessárias no curto prazo para restaurar a estabilidade do sistema financeiro e por a economia em um caminho sustentável para a recuperação”.
O Fed anunciou ontem um plano de incentivos para o crédito ao consumidor, que permitirá à instituição emprestar até US$ 200 bilhões a investidores, comprando títulos ligados a esse tipo de crédito. O programa, que pode chegar a até US$ 1 trilhão, pretende superar o bloqueio do crédito comprando papéis ligados a cartas de crédito, empréstimos para automóveis e outros tipos de consumo a crédito.
Fonte: Valor