Mercado de Seguros

France Assureurs defende papel estratégico dos seguros em um mundo em crise

A presidente da France Assureurs, Florence Lustman, participou da abertura do 1º Fórum de Seguros Brasil–França em Paris e fez um chamado à cooperação internacional para enfrentar os grandes desafios do setor em um mundo em transformação. O evento, promovido pela CNseg como parte do calendário oficial dos 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países, reuniu autoridades, reguladores e lideranças do setor segurador para discutir temas como mudanças climáticas, open insurance, inovação e proteção de investimentos.

“Este é o Ano França-Brasil, que celebra 200 anos de parceria com intensa programação cultural e institucional. Ontem tivemos a oportunidade de reunir nossos supervisores em um jantar produtivo, que reforçou nossos laços de colaboração”, disse Lustman. Para ela, o setor de seguros precisa tratar dos riscos “não apenas pela janela das seguradoras, mas com a sociedade civil e as empresas, para trazer soluções em um mundo em crise”.

Lustman reconheceu as diferenças entre os dois mercados — especialmente no nível de penetração de seguros —, mas ressaltou as semelhanças nos desafios enfrentados. “As mudanças climáticas impactam diretamente nossas populações. Em breve teremos a COP30 no Brasil e estaremos presentes com um estande, para mostrar o papel do seguro neste novo contexto. Precisamos pensar em soluções concretas para os grandes desafios globais, incluindo a inteligência artificial, a inovação e o Open Insurance.”

A executiva apontou incertezas no avanço do Open Insurance na Europa. “Ontem nos reunimos com a autoridade europeia de seguros e discutimos o tema. O posicionamento das seguradoras ainda é indefinido. Em Bruxelas, haverá muitos debates sobre esse acesso ilimitado a dados. Quando o Estado tem ambições, todos se voltam para o setor de seguros. Temos de ilustrar a relevância de nossos intercâmbios e construir juntos.”

De acordo com a France Assureurs, as perdas do setor segurador com desastres naturais somaram € 5 bilhões em 2024. As tempestades, o granizo e a neve responderam por € 2,2 bilhões; as catástrofes naturais, como inundações e secas, por € 2 bilhões; e o seguro agrícola, por € 800 milhões.

Embora abaixo da média dos últimos cinco anos (€ 5,6 bilhões), esse valor coloca 2024 como o nono ano mais caro para o setor desde a criação do regime de catástrofes naturais, em 1982. O destaque negativo ficou para as tempestades Kirk e Leslie e para as enchentes nas regiões de Nord e Pas-de-Calais, que, juntas, somaram mais de € 1,2 bilhão em indenizações. Em 20 anos, as perdas por danos causados por água dobraram (+134%).

Mesmo diante dos desafios climáticos e de alta nas indenizações em saúde e previdência, o mercado segurador francês mostrou resiliência. O faturamento total do setor atingiu € 281 bilhões em 2024, mantendo a França na liderança da União Europeia — à frente de Alemanha (€ 238 bilhões) e Itália (€ 155 bilhões). As seguradoras francesas também reforçaram seu papel como investidoras institucionais, com € 2,6 trilhões investidos na economia, sendo dois terços direcionados a empresas.

O segmento de seguros de danos e responsabilidade arrecadou € 75 bilhões e pagou € 53 bilhões em sinistros, com 13 milhões de registros — 64% deles em automóveis, 28% em residências e 8% em empresas. Os seguros de vida movimentaram € 173,3 bilhões, com crescimento de 14%, e o setor acumulou captação líquida de € 29,4 bilhões. Já os segmentos de saúde e previdência atingiram € 32,6 bilhões, com alta de 10% nas indenizações de saúde e 24% na previdência.

Entre os principais grupos atuantes no país, a AXA liderou com € 110 bilhões em faturamento e lucro líquido de € 7,9 bilhões. A Generali cresceu 5,4%, atingindo € 3,8 bilhões de lucro, enquanto a Covéa viu seus ganhos caírem 20% devido a perdas com resseguro.

A France Assureurs é a entidade que representa 252 seguradoras e resseguradoras na França, cobrindo mais de 99% do mercado nacional. Seu papel é atuar como porta-voz do setor junto às autoridades públicas na França e na União Europeia, promovendo um ambiente regulatório estável e sustentável.

Fonte: Sonho Seguro

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