Fed surpreende e impulsiona Bovespa, enquanto dólar cai
A surpresa com o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que contrariou as expectativas de grande parte do mercado financeiro, mantendo sua política de incentivos à economia, provocou fortes ajustes de posições na tarde de ontem. Ao deixar inalterado seu programa de compras mensais de US$ 85 bilhões em ativos, o BC dos EUA impulsionou as Bolsas de Nova York para um fechamento em patamares recordes e garantiu à Bovespa ganho de mais de 2,5%, acima dos 55 mil pontos. O dólar, por sua vez, desabou em relação ao real, para abaixo dos R$ 2,20, assim como os juros dos títulos do Tesouro norte-americano e as taxas dos contratos futuros de juros no Brasil.
A Bovespa pegou carona nos ganhos verificados em Nova York e encerrou a sessão com alta de 2,64%, aos 55.702,90 pontos, no maior nível desde 28 de maio deste ano. A euforia com a manutenção dos estímulos do Fed contagiou a Bolsa brasileira de forma generalizada. Tanto é que, das 73 ações que compõem a carteira teórica do Ibovespa, apenas nove fecharam no vermelho. Entre as principais ações, Petrobrás ON subiu 1,42% e Petrobrás PN teve alta de 2,00%, enquanto Vale ON avançou 0,11% e o papel PNA da mineradora teve ganho de 0,06%. Os destaques de alta foram OGX ON (10%), LLX ON (+9,83%) e Rossi ON (+8,58%).
Em Nova York, os mercados reagiram à decisão do Fed, apesar dos comentários do presidente da instituição, Ben Bernanke. Segundo ele, o BC dos EUA pode começar a reduzir seu programa de compras de bônus ainda este ano. Neste cenário, o índice Dow Jones fechou na máxima histórica de 15.676,94 pontos, com alta de 0,95%. O S8tP 500 avançou 1,22%, para a pontuação recorde de 1.725,52 pontos, e o Nasdaq subiu 1,01%, aos 3.783,64 pontos, o maior patamar desde setembro de 2000.
No mercado de câmbio, o dólar, que já caía ante o real desde o início da manhã, em meio aos leilões de swap promovidos pelo Banco Central brasileiro, acelerou o recuo com o anúncio do Fed e fechou em baixa de 2,97% no balcão, a R$ 2,1920. Esta é a menor cotação de encerramento desde 26 de junho deste ano. Profissionais do mercado disseram que, como boa parte dos investidores esperava que o Fed começasse a reduzir seus estímulos à economia, foi preciso ajustar posições quando isso não se confirmou, em especial no mercado futuro de dólar.
Na renda fixa, as taxas dos contratos futuros de juros também desabaram, em sintonia com o dólar e com os Treasuries (títulos do Tesouro dos EUA), voltando a indicar chances de a Selic (a taxa básica de juros) subir 0,50 ponto porcentual no próximo mês e apenas 0,25 ponto em novembro. Atualmente, a Selic está em 9,00%.
Fonte: O Estado de São Paulo