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Executivos de companhias com ADRs ganham mais

Governança: Bônus e participação nos lucros também são maiores entre os administradores das empresas mais expostas aos investidores internacionais.
A divulgação do Formulário de Referência pelas empresas brasileiras permitiu, pela primeira vez, se traçar uma fotografia da remuneração paga aos executivos de companhias abertas no Brasil. Os executivos de empresas listadas na Bolsa de Nova York ganham, em média, 20% mais do que os profissionais das empresas do Novo Mercado, segundo a pesquisa anual realizada pela KPMG e pelo Centro de Estudos em Governança da Fipecafi-USP. Enquanto a remuneração média anual das companhias com ADRs 2 e 3 é de R$ 1,2 milhão, no nível máximo de governança da BM&FBovespa esse valor é de R$ 1 milhão, seguido pela média de R$ 903 mil para níveis 1 e 2 de governança e de R$ 455 mil para o segmento tradicional do mercado local.
A fatia do ganho variável, tais como bônus e participações nos lucros, é também maior entre os administradores das companhias mais expostas aos investidores internacionais, mais alinhadas às práticas daquele mercado. Entre essas empresas, essa fatia é de 54,5% do total recebido anualmente, ante 41,9% do Novo Mercado e 31,1% do mercado tradicional.
Na opinião de Sidney Ito, sócio da KPMG responsável pela área de governança corporativa, a menor fatia variável nas companhias tradicionais indica práticas mais conservadoras entre as empresas familiares. Nas companhias dos níveis diferenciados de governança, é maior o índice de profissionalização da administração e também de dispersão do capital.
A pesquisa aponta que só 35,5% das companhias do Novo Mercado possui um único sócio com mais de 51% do capital votante e total, ante 74% do segmento tradicional e 65,5% das emissoras de ADRs 2 e 3. Das empresas do nível máximo de governança da BM&FBovespa, 21% delas se declaram de capital pulverizado, 29%, familiar e 42% têm estrutura de poder compartilhado.
Mais um dado consolidado inédito trazido pela pesquisa diz respeito aos seguros contratados pelos executivos de empresas abertas, conhecidos pela sigla D&O. De acordo com o levantamento, 82,8% das companhias listadas em Nova York oferecem esse benefício aos administradores, ante 77,6% das empresas do Novo Mercado e a apenas 52% daquelas listadas no segmento tradicional (considerando as 50 mais negociadas).
Para Ito, esse dado é importante, pois mostra a crescente preocupação dos executivos brasileiros com suas responsabilidades como gestores de empresas abertas e, portanto, com os riscos que a atividade implica.
O episódio com os derivativos da Sadia e da Aracruz, os casos mais graves dentre diversas companhias que enfrentaram problemas com derivativos cambiais de alto risco no país, também serviram e ainda servirão para apontar a responsabilidade dos gestores de empresas abertas.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acusou 24 administradores de ambas as empresas, entre conselheiros, diretores e membros dos comitês de auditoria, de terem faltado com o dever de diligência na gestão dos negócios. A Sadia perdeu R$ 2,5 bilhões com operações de risco e a Aracruz, R$ 4,5 bilhões.

Fonte: Valor

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