Executivo “culpado” por perdas deixa a Swiss Re
A Swiss Re anunciou ontem a demissão de Jacques Aigrain, depois que o controvertido ex-banqueiro de investimento assumiu a culpa pelo mergulho no vermelho do outrora orgulhosa resseguradora suíça. Aigrain, que entrou para a Swiss Re em junho de 2001 e se tornou presidente-executivo em janeiro de 2006, está sendo substituído por Stefan Lippe, diretor operacional.
A saída de Aigrain, que já foi um especialista em fusões e aquisições, acontece depois de muitos pedidos para que ele saísse, após a Swiss Re ter chocado os investidores na semana passada ao anunciar um prejuízo de 1 bilhão de francos suíços (US$ 870 milhões) para 2008.
A perda, que pegou o mercado de surpresa, forçou o grupo a recorrer ao investidor americano Warren Buffett para uma injeção de recursos de 3 bilhões de francos suíços. Ela ocorreu na esteira de problemas crescentes nas atividades do grupo nos mercados financeiros, atividades que agora estão sendo desativadas. Os resultados completos de 2008 serão anunciados na semana que vem.
Como presidente-executivo, Aigrain, contratado inicialmente para comandar a então divisão de serviços financeiros, reforçou e acelerou uma mudança para os produtos financeiros complexos. Ele vinha sendo amplamente apontado como responsável pelos crescentes problemas recentes da Swiss Re.
Mas alguns analistas vinham observando que a estratégia que ele vinha perseguindo foi estabelecida pelo conselho de administração, como manda as leis suíças. Aigrain era amplamente visto como uma indicação de Walter Kielholz, o vice-presidente do conselho e ex-presidente-executivo da Swiss Re.
“Tendo adotado algumas medidas para reforçar o capital do grupo e reduzir ainda mais os riscos do portfólio de investimentos, os interesses da Swiss Re estão agora melhor servidos por uma mudança na liderança executiva”, disse Aigrain em comunicado. “Stepan Lippe vem sendo o arquiteto do foco da Swiss Re na disciplina, nas subscrições de qualidade e nos negócios de resseguros.”
Lippe, 53, é um veterano da Swiss Re. Está há 25 anos no grupo. Foi nomeado diretor operacional em setembro, tendo comandado anteriormente as atividades de subscrição de seguros de propriedades e contra acidentes e seguro saúde. “Estou a par dos desafios que a Swiss Re vai enfrentar. Nosso portfólio principal de resseguros está sólido”, disse.
A nomeação reforça a mensagem do tipo “volta ao básico” transmitida pelo grupo na semana passada, quando anunciou prejuízo preliminar e o fim de suas atividades restantes no mercado financeiro e de negociações de títulos.
Fonte: Valor
