Evento da Sou Segura debate a sustentabilidade da maternidade
A Sou Segura promoveu, nesta quinta-feira (23), em parceria com a B2Mamy a maior comunidade de mães do Brasil -, no auditório da CAPEMISA, o encontro A maternidade deixou de ser sustentável?.
A abertura do evento foi feita pela presidente da Sou Segura, Liliana Caldeira, que listou dados de pesquisas e estudos segundo os quais a queda da taxa de natalidade registrada no Brasil é uma questão que gera algumas preocupações. O Brasil, assim como vários outros países, já está abaixo da taxa de reposição populacional. Em termos econômicos, a decisão feminina de não ter filhos pode se refletir nos mercados de consumo e de trabalho e na previdência pública, frisou.
Liliana Caldeira citou ainda avaliações feitas pela economista Claudia Goldin, vencedora do Prêmio Nobel de Economia em 2023, que apontam a disparidade salarial entre homens e mulheres na fase da vida em que as jovens precisam decidir se terão ou não filhos, como uma das causas do cenário atual.
Lembrou também que as mulheres da Islândia realizarem recentemente, pela quinta vez em 50 anos, uma greve reivindicando a igualdade salarial, mesmo sendo aquele país o líder do ranking mundial nessa questão. Lá, a diferença salarial entre homens e mulheres é de 10%, contra 20% no Brasil, pontuou a presidente da Sou Segura.
Após a abertura, Liliana conversou sobre essa questão com a gestora de Recursos Humanos da CAPEMISA, Patrícia Pacheco, que defendeu modelos de trabalho mais flexíveis, especialmente para as mulheres. A pandemia deu uma sacolejada nessa questão. Mas, precisamos pensar nessa questão. Sem isso, pode não haver muito espaço para a mulher. Hoje, 45% das mulheres em posição de liderança não querem filhos por terem medo de ficar seis meses foram da empresa, durante a licença maternidade, afirmou.
O tema do segundo painel foi sobre como obter o equilíbrio necessário entre a maternidade e outros aspectos da vida, tendo como moderadora Ana Luísa Godoy, do BTG Pactual, que conduziu um bate-papo com Monique Menezes, fundadora da Gente Gentil Consultoria e parceira da Mãe-estar. A saúde mental das mulheres é um problema que preocupa. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o país com a população mais ansiosa do mundo e o segundo em casos de depressão. Uma em cada quatro mulheres sofrem depressão no pós-parto, alertou Monique.
Segundo ela, não por acaso, é extremamente elevado o número de mulheres que saem do mercado de trabalho após a licença maternidade.
Em seguida, a fundadora do Ser Lótus, Priscilla Carvalhinha, falou sobre o autocuidado e a necessidade de a mulher se priorizar. Pequenos atos são muito importantes. Tire um tempo para pisar na grama, cuidar do corpo, sentir a própria respiração, se espreguiçar. A mulher não sabe a hora de parar, pois nunca acha que está dando conta de tantos afazeres, ressaltou.
Outro tema relevante enfocado no evento foi o papel das mães em posições de liderança. Participaram deste painel a comunicóloga Antirracista, Consultora em Diversidade, Equidade e Inclusão e Fundadora do Trabalho de Preto, Katiúscha Watuse (moderadora do debate), a fundadora da POPPINS, startup de desenvolvimento infantil, Marcella Cohen; e a CEO e Fundadora da Jornada Mima, Paula Cunha.
Paula Cunha arrancou risos e aplausos da plateia ao afirmar que ter filhos é como tirar uma empresa do papel e que, nesse sentido, para quem é mãe e empreendedora, os aprendizados vão se entrelaçando. Eu tenho dois filhos, então aprendi como fazer a gestão de conflitos e a ter a resiliência necessária, frisou.
Marcela Cohen manifestou opinião semelhante. Por ser mãe, eu atendo melhor meus clientes e sou uma líder com mais empatia e acolhedora na minha empresa, comentou.
Por sua vez, Katiúscha Watuse lembrou que a maioria dos lares brasileiros já tem mulheres como principais gestoras ou líderes, situação que é ainda mais predominante nas residências de pretas e pobres. Nestes casos, não é raro haver avós e mães responsáveis pela criação das crianças e sustento dos lares nos quais não há a figura masculina.
No encerramento, o público pode fazer perguntas a todas as palestrantes, possibilitando a troca de ideias e experiências enriquecedoras. Além disso, foram sorteados cinco livros sobre questões de extrema relevância para as mulheres, que puderam ainda continuar conversando sobre o evento durante o happy hour.
Fonte: NULL